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sábado, 26 de novembro de 2011

Reforma de Mentalidade


Zero Hora
26 de novembro de 2011 | N° 16898

EDITORIAIS
REFORMA DE MENTALIDADE

A reforma ministerial prevista para o início do próximo ano começa a ser vista como oportunidade para a presidente Dilma Rousseff livrar-se de ministros envolvidos em irregularidades, mas que se mantêm nos cargos por imposição das alianças que sustentam o governo. O raciocínio lógico dos cidadãos cansados de falcatruas talvez seja: antes tarde do que nunca. Mas isso é insuficiente. O que o país precisa é de uma mudança de mentalidade na administração pública, que deve, sim, começar pela cúpula do poder e se estender a todos os escalões. Se em menos de um ano cinco ministros foram afastados por suspeitas de corrupção e outros dois estão na mira da depuração ética, o que pensar das demais áreas? A transformação precisa ocorrer de forma radical e ser generalizada, para que os resultados pretendidos sejam alcançados.

A tendência no Brasil é a de quem é eleito para a Presidência da República acabar tendo que governar sem maioria no Congresso, ficando, portanto, sem condições de aprovar com facilidade projetos de seu interesse. A questão é que, ao invés de buscar o caminho do diálogo permanente com integrantes de sua base de apoio e da oposição, os chefes do Executivo têm optado pela negociação de cargos no primeiro escalão em troca de apoio, mais fácil de ser obtida, mas de um alto custo, bancado pela sociedade. É por isso que, quando um ministro se enfraquece por denúncias de corrupção, o substituto acaba sendo buscado dentro de seu próprio partido, num círculo vicioso no qual mudam os nomes, mas a tendência às deformações persiste, pelo fato de as práticas serem habituais.

O agravante é que, além de serem submetidos a um verdadeiro loteamento partidário, os ministérios aproximam-se de um número próximo de quatro dezenas. Muitos deles existem só para acomodar correligionários e afilhados políticos. Alguns não têm qualquer sentido e atuam sem o mínimo controle. Na prática, a Presidência da República detém o comando de áreas estratégicas, como Fazenda e Planejamento. Em outras, o alcance é limitado. A prova disso é que, quando um ministro cai em desgraça, a substituição fica por conta do partido responsável pela sua indicação. É o que explica hoje a existência de verdadeiros feudos no comando da administração pública, liderados na maioria das vezes por quem está mais disposto a se orientar pelas aspirações do partido ao qual pertence e não pelas da sociedade.

O país precisa de moralização já, da instituição de critérios inflexíveis de avaliação ética para o exercício do poder. Mais do que parecer honestos, a presidente e seus ministros têm que ser honestos, para dar o exemplo ao restante da administração. Esse tipo de transformação não ocorrerá por um improvável gesto de boa vontade de quem disputa o primeiro escalão, mas por uma efetiva reforma política, capaz de fazer com que os partidos possam se orientar por seus estatutos e não por meros interesses fisiológicos.

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