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domingo, 29 de abril de 2012

MORTES EM ALTA - Acertos de conta do crime.

Zero Hora - 29 abril de 2012
MORTES EM ALTA
Acertos de conta do crime


Ao buscar explicações para o aumento de 19,6% dos homicídios no trimestre, no Estado, ZH constatou que a maioria dos crimes nas cidades mais violentas envolve disputa entre delinquentes, com grande concentração em cinco municípios da Grande Porto Alegre

Um fenômeno típico de guerrilhas está por trás do crescimento dos índices de assassinatos no Estado. Quadrilhas invadem territórios, sequestram, torturam e matam desafetos, numa espiral de violência que levou ao crescimento de 19,6% nos homicídios no primeiro trimestre. Um aumento que constrange as autoridades, já que esse mesmo tipo de crime tinha diminuído um pouco em 2011 (0,36%), em relação ao ano anterior.

ZH pesquisou todos os registros de mortes em algumas das cidades que lideram a taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre os 20 municípios mais populosos do Estado. A maioria das vítimas tinha antecedentes policiais. Salvo raras exceções, trata-se de acertos de contas envolvendo tráfico (a maioria) ou produto roubado. Em Viamão, 74% dos casos envolveram rixas entre criminosos. Em São Leopoldo, 76% tiveram a mesma motivação. Em Alvorada, 83%.

Em São Leopoldo, uma espécie de “ala jovem” da facção Os Manos sequestrou um traficante rival e o torturou por 10 dias, até executá-lo com mais de 10 tiros. Outro fenômeno é a invasão. A mais agressiva das facções gaúchas, os Bala na Cara, sai de Porto Alegre para tomar bocas de fumo em três outras cidades.

O salto no número de assassinatos no Estado não chega a surpreender quem estuda o assunto. Afinal, a taxa de homicídios cresceu de 16,3 para 19,3 por 100 mil habitantes/ano entre 2000 e 2010. Alberto Kopittke, presidente da ONG RS Mais Seguro e ex-secretário municipal de Segurança Pública e Cidadania de Canoas – que durante anos trabalhou no Ministério da Justiça –, ressalta que, entre 1980 e 2010, houve um crescimento do número de homicídios de 124% no Brasil e de 137% no Estado, o que gestou mais de 16 mil mortos no Estado.

Dos 80 homicídios a mais registrados no primeiro trimestre (em comparação com o ano passado), 55 ocorreram em municípios da Grande Porto Alegre: Viamão, São Leopoldo, Alvorada, Porto Alegre e Novo Hamburgo. Alguns saltos no número de mortes ocorreram em cidades como Pelotas ou Santa Maria, que não costumam registrar altos índices.

O delegado Maurício Barizon Barcelos, da 1ª DP de Alvorada, faz um apelo: é hora de criar delegacias de Homicídios.

– Indícios existem, amigos e familiares de vítimas falam, mas falta gente para investigar e prevenir mortes. Comecei a falar com líderes religiosos, para convencer os jovens a largar armas – relata.

O especialista Kopittke sugere quatro providências para frear o morticínio:

1) Georreferenciamento das ocorrências criminais, para o policial saber o que ocorre na sua área.

2) Premiação de policiais por metas de redução de crime.

3) Fortalecimento de departamentos especializados em Homicídios e dos Institutos de Perícia.

4) Implantação de programas de polícia comunitária e de prevenção à violência focados em jovens.

Parte dessas alternativas já está perto de se concretizar, informa a Secretaria da Segurança Pública. É o caso do policiamento comunitário em Territórios da Paz, cujo número será ampliado, conforme promessa do governador Tarso Genro. Um dos locais onde isso foi feito – e onde já foi alcançada uma redução de 20,8% nos homicídios – é Canoas.

O georreferenciamento das ocorrências, embora não finalizado, está em implementação. A criação de delegacias especializadas em homicídios também está prometida, embora não concretizada. Polêmica e, por isso, ainda sem perspectiva de implantação, é a premiação dos policiais pela redução de delitos.

HUMBERTO TREZZI

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