Zero Hora - 24 de fevereiro de 2012
PROMOÇÕES DE OFICIAIS
Por que projeto da BM é polêmico
PROMOÇÕES DE OFICIAIS
Por que projeto da BM é polêmico
Proposta encaminhada pelo governo Tarso Genro aos deputados é
questionada pela oposição e até pelo líder da bancada do PT
Gestado sem alarde pelo governo Tarso
Genro, o projeto de lei que altera os critérios de promoção de oficiais da
Brigada Militar assumiu a forma de um barril de pólvora. Além de desagradar à
entidade que representa a categoria e desencadear uma onda de críticas na
oposição, a proposta é vista com ressalvas até mesmo pela bancada do PT na
Assembleia Legislativa, que reclama de não ter sido consultada.
São dois os motivos da controvérsia.
Primeiro, uma mudança pontual – mas polêmica – em um dos artigos da lei que
rege as promoções, triplicando o peso de conceitos subjetivos atribuídos aos
candidatos a major e a tenente-coronel (veja o quadro). Segundo, a decisão do
Executivo de enviar o projeto em regime de urgência. A votação deve ocorrer na
terça-feira.
Para a oposição, os fatores são
considerados indícios de “favorecimento” e podem subverter a hierarquia da
corporação. Em contra-ataque ao governo, uma audiência pública para debater o
tema foi marcada para o dia da votação – e promete acirrar ânimos.
– Esse projeto tem endereço certo.
Oficiais ligados ao PT e ao governo Tarso vão passar na frente de outros
oficiais com maior tempo de carreira. É isso que vai acontecer – diz o deputado
Edson Brum (PMDB).
Ontem, o presidente da Associação dos
Oficiais da BM, José Carlos Riccardi Guimarães, perambulou pela Assembleia na
tentativa de sensibilizar os parlamentares a votarem contra a proposta e a
pressionarem o Executivo a voltar atrás. Segundo ele, as mudanças são um
“retrocesso”:
– Estamos fazendo das tripas coração
para evitar a aprovação ou, pelo menos, retirar o regime de urgência. Não fomos
ouvidos e queremos mais tempo para discutir as mudanças.
Embora a cúpula da BM assegure que as
modificações não irão macular o processo de promoções, nem entre os aliados há
consenso. Até ontem, conforme Daniel Bordignon, líder da bancada do PT na
Assembleia, havia dúvidas sobre as medidas.
– Podem até nos convencer, mas ainda
não tentaram. Sequer procuraram a bancada para dizer se isso vai melhorar a
segurança pública, porque no fim das contas é isso que conta. Na minha opinião,
é precipitado votar o projeto em regime de urgência – afirmou Bordignon, que
pretendia ir à Casa Civil pedir mais informações.
juliana.bublitz@zerohora.com.brJULIANA BUBLITZ
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