A notícia de que uma menina de três anos de idade morreu ao ser colhida
por um “jet ski”, na praia de Guaratuba, em Bertioga, litoral de São Paulo,
consternou todo o Brasil. A vida não tem valoração, pois a sua perda faz com
que tudo se perca, mas uma vida abreviada em tão tenra idade, e da forma que
ocorreu, sempre causa muita indignação, e, busca-se, em uma só voz, que a
justiça seja feita, os responsáveis sejam punidos, e a morte da menina não seja
mais uma escrita no livro da impunidade.
Mas uma análise, embora superficial dos fatos, permite, claro,
precariamente, tirarmos algumas lições e conclusões. A primeira lição é que o
permissivismo de pais, para com seus filhos adolescentes, pode ser fatal, tanto
para o adolescente que goza da inexistência de limites, como para outros, cujo
exemplo cabal é o da menina que restou morta. Permitir que um garoto de catorze
anos se aproprie de um Jet ski e o leve para uma praia apinhada de pessoas,
dentre elas crianças, é de uma irresponsabilidade injustificável.
Pondero que os pais não conseguiram dizer não ao seu filho adolescente, que
concluiu facilmente que como a família não lhe impunha limites, porque a
sociedade teria o direito de lhe impor, lhe negando a oportunidade de pilotar o
jet ski, mesmo sabendo que precisava ter no mínimo dezoito anos e portar uma
autorização? Imaginemos este adolescente, acostumado a não ter limites,
encontrando pela frente uma pessoa ou autoridade que lhe balizasse uma conduta
e lhe negasse algo que pela lei ou moral fosse proibida. Qual seria a reação
perante a frustração?
Ocorrida à tragédia o adolescente e familiares se debulham em
explicações, a exemplo de que o jet ski imprimiu seu curso sozinho, após o
adolescente ligar a ignição. Ora, sejam estas explicações criveis ou não, os
peritos e técnicos irão chancelá-las ou negá-las, mas o que não tem explicação
é um adolescente de catorze anos pilotando um jet ski, muito certamente, com
conhecimento dos pais.
Porém, existe outra lição a ser vista. O adolescente, tão logo viu a
bobagem que fez e a grave conseqüência dela, correu para casa, para o seio de
sua família, que lá lhe mostrou outra faceta da vida, que ele, com certeza,
levará para o resto de sua existência: A que ele pode fazer qualquer “bobagem”
e fugir da responsabilidade, pois sua família lhe ajudará, inclusive fugindo
junto, mesmo que deixe para trás uma agonizante menininha de três anos de
idade. Caso tudo de certo e as lições de permissividade e irresponsabilidade
sejam aprendidas, aguardemos os feitos, do hoje adolescente, quando for
adulto.
Ronie de Oliveira Coimbra
Major – Cmt do 33º BPM de Sapucaia do Sul
www.roniecoimbra.blogspot.com
Lamentável que pais permissivos não consigam ver o quanto mal fazem a si mesmos, a sociedade e especialmente a seus filhos, que hora ou outra vão ter que lidar com sua falta de limites e arcar com as consequências de suas atitudes!Que cedo ou tarde a vida se encarregará de ensinar pela dor os limites que deviam lhes ser mostrados com amor!
ResponderExcluirparabéns pela postagem!
Obrigado Ana Mello...tua postagem acima caberia muito bem em meu artigo. No aguardo do teu blog.
ResponderExcluirexcelente matéria major.parábens
ResponderExcluirTeu artigo está excelente Mj., pois os pais deveriam passar aos filhos valores, regras, amor, proteção entre outras coisas, mas nesse fato, infelizmente, o que vimos foi excesso de permissividade, proteção desmedida e uma família destruída pela dor irreparável da perda.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio. Minha intenção ao escrever o artigo era exatamente a de trazer a reflexão as graves consequências do permissivismo e proteção exagerada de pais para com seus filhos.
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