A crença em uma fonte sobrenatural do
mal não é necessária. O homem, por si só, é capaz de toda maldade. (Joseph
Conrad)
Pense
na seguinte cena dantesca: Uma mulher e seu filho são
rendidos no interior da residência, por dois bandidos – um outro fica no carro
da fuga - que anunciam o assalto. Os bandidos ordenam que a mulher se deite no
chão, com o ventre ao solo, e colocam o seu filho, uma criança de um ano e
quatro meses de idade, às suas costas. A criança, impregnada pela ingenuidade,
própria de sua tenra idade, está alheia aos acontecimentos, e começa a brincar
sobre as costas da mãe. Segundos são necessários para que um dos BANDIDOS, com a criança ainda a brincar
sobre as costas da mãe, efetue um disparo com seu revólver na cabeça da mulher
que estava prostrada no chão, subjugada e indefesa. Em ato contínuo os bandidos
fogem do local levando pertences por eles subtraídos da casa, deixando para
trás uma mulher ferida, entre a vida e a morte, e o trauma insuperável para
todos os que ali foram vitimados e presenciaram a violência fria e gratuita.
Refletiu
a respeito? A cena foi real, e ocorreu recentemente em uma residência na Cidade
de Goiânia, em Goiás, no Brasil.
Acredita
você, caro leitor, que um indivíduo capaz de tão hediondo ato, perpetrado de
forma tão fria, perante a inocência de uma criança, tenha recuperação, mesmo
passando pelo mais eficiente dos sistemas penais?
Este
BANDIDO, desprovido dos princípios de humanidade, mormente o de valorização da
vida, poderia retornar ao convívio social, inclusive interagindo com a mulher
vitimada (que sobreviveu milagrosamente) e o filho dela, que presenciou o ato
vil, ambos impotentes e perplexos diante de tão extremada insensibilidade e de
descaso com a vida humana?
Qual
castigo poderia ser atribuído a este “indivíduo”, e que gerasse reparação para
seu desprezível ato de suplício a integridade das pessoas, dentre elas uma criança
com pouco mais de um ano, e a pretensão de ceifar a vida de uma mulher indefesa
e já dominada, mercê do ânimo de provocar o mal?
Deveria
este BANDIDO receber as benesses da Lei, se condenado fosse por seus crimes, a exemplo da progressão do regime após o
cumprimento parte da pena? Ou dos indultos quando restará solto, mesmo
com o risco de não retornar ao estabelecimento prisional, ou de cometer outros crimes graves?
Eu
tenho minhas próprias respostas, e elas são todas pessimistas. Creio, piamente,
que este indivíduo não tem mais recuperação, pois penso que algumas pessoas são,
por sua natureza, perversas, capazes de muita maldade, e não será um sistema
eficiente que, milagrosamente, a tornará boa. E a pena para o crime que ele
cometeu deveria ser, a fim de reparar o dano que causou, prisão perpétua, sem
direitos de progressão e indultos. Qualquer outra pena aplicada, que não for esta, estará longe, muito longe, de reparar os danos causados pelos
atos do BANDIDO contra uma mulher indefesa e uma criança de pouco mais de um
ano de idade.
Será
crível que alguns anos na cadeia seriam suficientes para reparar o terror
infligido a uma mulher e seu filho por assaltantes armados? Ou de reparar o tiro
covardemente disparado na nuca de uma mulher já subjugada pelo ímpeto criminoso
do bandido?
E
este quadro de impunidade, desanimador e aterrador, ainda pode vir acompanhado
das manifestações muito infelizes, de pessoas que
asseverarão que você ajudou a puxar o gatilho. Sim, VOCÊ caro leitor. Dirão que
o bandido foi desvirtuado pelo meio social; que não teve oportunidades na vida;
que foi maltratado pela família, pelos amigos, e pelo Estado; que precisa
alimentar a si e a sua família; que não está na faixa de consumo; ou seja, a
culpa pelo disparo, frio e cruel, na nuca da mãe indefesa e vulnerável, será de
todo o mundo, menos do bandido, este que efetivamente fez a escolha de puxar o
gatilho. Sim, pois matar uma pessoa é uma escolha, e se enveredar pelo caminho do
crime também o é, e, salvo exceções por incapacidade mental ou
psiquiátrica, a pessoa que fez esta opção deve arcar com as consequências, e que
estas sejam rigorosas.
E essa história, infelizmente defendida por muitas autoridades e eruditos, DE QUE A CULPA É DE TODO O MUNDO, MENOS DO BANDIDO, tem que terminar.
E essa história, infelizmente defendida por muitas autoridades e eruditos, DE QUE A CULPA É DE TODO O MUNDO, MENOS DO BANDIDO, tem que terminar.
Estas
pessoas clamarão que ao bandido sejam garantidos todos os direitos possíveis,
principalmente seus direitos humanos, e as vítimas, para estas, se tornará
invisível, e desconsiderarão todo o sofrimento por qual passaram, inclusive o
de uma mãe de quase perder a vida.
Concordo
que se alcancem direitos a ele: AO BANDIDO o direito de cumprir a pena de
prisão perpétua, e a trabalhar neste período, mesmo que forçosamente, a fim de,
ao menos, em algum momento de sua vida, seja útil e produza algo de bom para a
coletividade. E que tenha o direito de nunca mais restar livre, pois desperdiçou
a chance divina de viver com as demais pessoas. E, enquanto a justiça divina
não chega, lhe extinguindo a existência, que fique nas masmorras, ou
estabelecimento prisional como o politicamente correto quer que se diga, haja
visto que ali estará por consequência de suas escolhas, não por culpa dos outros.
E
arrematando este exíguo texto, alerto você caro leitor, por que muitas destas
pessoas, que defendem cegamente bandidos, em detrimento do cidadão honesto, e
esquecendo todos os direitos ceifados e ofendidos das vítimas, logo adiante
estarão pleiteando mandatos para cargos eletivos e políticos. Bem, ao menos
você já sabe os interesses de quem eles irão defender se eleitos. Garanto que
não serão os interesses do cidadão honesto e de bem.
A
escolha será sua. E não poderá reclamar dela se a estas pessoas você entregar
teu voto, pois se assim você decidir, certamente episódios como o ocorrido em Goiânia continuarão a acontecer em
profusão.
Opinião,
por RONIE DE OLIVEIRA COIMBRA
Major
da Brigada Militar do RS
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