Zero Hora - 03 de dezembro de 2011
O RIGOR DA BAIANA
O RIGOR DA BAIANA
A mulher que emparedou Lupi
*Colaborou Fabiano Costa
fabio.schaffner@gruporbs.com.brFÁBIO SCHAFFNER* | BRASÍLIA
Leitora de Mario Quintana, Marília Muricy Machado Pinto assina o relatório que recomenda a demissão do ministro do Trabalho
Ela tomou a decisão que a presidente Dilma Rousseff posterga há um mês. Ao recomendar a demissão do ministro Carlos Lupi, a jurista baiana Marília Muricy Machado Pinto praticamente selou o destino do pedetista.
Integrante do Comissão de Ética Pública desde 2009, Marília foi a autora do relatório sobre as denúncias que pesam contra o titular do Trabalho. No texto, Marília disse que Lupi teve inquestionáveis e graves falhas à frente do ministério. Surpreendida com o teor da decisão do comitê, Dilma pediu acesso ao relatório, mas adiantou a assessores que até segunda-feira irá decidir sobre uma eventual exoneração.
Doutora em Filosofia do Direito, Marília é advogada formada pela Universidade Federal da Bahia, onde hoje é professora. Aos 66 anos e com mandato na comissão até julho, ela foi a responsável pela mais audaciosa decisão do comitê desde sua criação, em 1999. Jamais o colegiado havia sugerido a demissão de um ministro por suspeita de irregularidades. Este ano, o órgão se limitou a aplicar censura ética aos ex-ministros Erenice Guerra e Antonio Palocci.
Ex-conselheira da OAB nacional e da seccional baiana da entidade, Marília obteve prestígio no meio jurídico por erguer bandeiras ligadas aos direitos humanos. A atuação destacada a catapultou para o primeiro escalão do governo Jaques Wagner, no qual comandou a Secretaria de Justiça de 2007 a 2009. No cargo, reformou a administração penitenciária estadual e concebeu uma legislação que criou penas alternativas.
– Marília sempre teve uma influência muito grande dentro da OAB por conta de sua visão social – lembra o ex-presidente da entidade Cezar Britto.
Casada com um advogado, Marília é apontada por amigos como uma mulher determinada e segura. Fã de Chico Buarque e Mario Quintana, a ponto de citar poemas do gaúcho em redes sociais, é carinhosa e sensível com os amigos. No texto que sugeriu a demissão de Lupi, contudo, foi incisiva ao apontar a afronta do ministro à hierarquia, quando ele afirmou que só sairia do governo “abatido à bala”. “Atitude em que se misturam aparente indiferença quanto à gravidade das acusações e certa dose de arrogância frente às possíveis consequências de seus atos”, pontuou Marília.
*Colaborou Fabiano Costa
fabio.schaffner@gruporbs.com.brFÁBIO SCHAFFNER* | BRASÍLIA
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