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domingo, 23 de outubro de 2011

VERGONHA (FROUXIDÃO) LEGISLATIVA II: Vítimas enredadas, criminosos soltos (facilmente soltos).


Zero Hora - 23 de outubro de 2011 | N° 16864

ALVO SOBRE RODAS

Vítimas enredadas, 

criminosos soltos

A cada dia, 30 motoristas gaúchos têm veículos roubados no Estado. Em setembro, o crime cresceu 16,75% em relação ao mesmo período de 2010. Já são 8.325 roubos, 206 a mais do que nos nove meses do ano passado.

Nesta reportagem, ZH narra uma dessas histórias ocorrida na tarde de terça-feira no bairro São Sebastião, em Porto Alegre. Ao volante de um Fit emprestado, estava um empresário que acreditava estar livre da violência do Rio Grande do Sul. Do lado de fora, uma quadrilha formada por jovens assaltantes e receptadores.

Em menos de 24 horas, meandros da lei e da Segurança Pública fazem com que esse e outros casos tenham um final surreal: enquanto vítimas seguem atadas a problemas, os ladrões de veículos permanecem livres para agir mesmo quando as autoridades atuam com eficiência.

francisco.amorim@zerohora.com.br
FRANCISCO AMORIM

ALVO SOBRE RODAS

Medo permanece

A vítima

A agenda de reuniões do empresário Alexandre foi interrompida violentamente às 14h30min de terça-feira.

A vítima de 42 anos, que pediu para ter o nome completo preservado, acabava de sair da casa dos pais, onde passa três dias por semana, quando foi atacado ao volante por três jovens assaltantes. O alvo era o Fit, pertencente à mãe do empresário.

– Rodei menos de cem metros, quando encostei para ver se estava com a chave do escritório. Foi o tempo de um garoto, com um pequeno revolver, se aproximar. Ele só disse: “desce, desce”. Teve dificuldades até de arrancar o carro, que é automático – lembra.

Há seis anos, Alexandre trocou Porto Alegre por um refúgio da violência: um condomínio fechado em Florianópolis onde vive com a mulher e os filhos de oito e nove anos. Na capital catarinense, só circula de carro blindado. Pode parecer exagero, mas a preocupação está no histórico familiar: em Porto Alegre, foram oito assaltos sofridos por três irmãos e pelo pai. Em sete vezes, o veículo foi levado. Na oitava, o irmão teve o carro alvejado quando, sem querer, o veículo deu um solavanco.

Na terça-feira, Alexandre voltou a pé até a casa dos pais. Acionou a Brigada Militar pelo 190 e seguiu para a 12ª Delegacia da Polícia Civil, onde registrou o roubo. Lá, descreveu o maior prejuízo: a perda de um notebook e de um pen drive.

Ali estavam guardadas cópias digitais de documentos pessoais dele e da família. Ficaram com os ladrões reproduções de passaportes e carteiras de identidade, além de contratos com assinaturas digitais de suas três empresas de alimentação, construção civil e importação. Um prato cheio para golpes usando um nome limpo na praça.

– Minha vida pessoal e profissional está lá. Não é o valor em si do computador, mas o meu nome, o meu maior patrimônio, que está agora a mercê de bandidos. É um problema que pode se arrastar por anos – lamenta a vítima.

Na mesma tarde do roubo, Alexandre pediu assistência à consultoria jurídica que presta serviços às suas empresas. Ficou a cargo dos advogados a missão de notificar órgãos, como a Junta Comercial e a Receita Federal, instituições como Serasa e SPC, além de clientes e fornecedores.

– Meu note possuir um sistema de senha difícil de ser violado. Provavelmente eles terão de formatar a máquina e, assim, esses dados se perderão. Mas o pen drive tinha alguns dados importantes. Fico imaginando quem não tem condição de ter um advogado para ajudar. É algo muito ruim se sentir assim – conta ele.

Dois dias de burocracia e frustração

Os dias em que vem a Porto Alegre resolver questões de trabalho – entre terça-feira e quinta-feira – foram dedicados à burocracia de delegacia em delegacia. Na manhã seguinte ao roubo, por volta das 9h30min, seu pai foi informado pela Polícia Civil de que o carro havia sido encontrado e estava em um depósito da Capital. Apesar da tentativa de reavê-lo ainda na quarta, o Fit só seria liberado na tarde da quinta-feira, depois de periciado.

No mesmo dia, Alexandre ainda voltaria à 12ª DP para tentar identificar os suspeitos presos com o veículo, autuados por receptação. Segundo ele, não foram eles que executaram o assalto.

Passado o susto de ter um revólver apontado para o rosto, Alexandre seguirá apreensivo com o nome à disposição dos bandidos.

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