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sábado, 8 de outubro de 2011

TRISTE LIDERANÇA - Editorial de Zero Hora que mostra a necessidade de investimentos na polícia, tanto tecnológicos, quanto em recurso humanos, a exemplo de salário mais digno.



Zero Hora
08 de outubro de 2011 | N° 16850

EDITORIAIS

TRISTE LIDERANÇA

Não é a primeira vez que o Brasil aparece num levantamento internacional como campeão mundial de homicídios. Agora esta deprimente liderança está sendo confirmada pelo Estudo Global de Homicídios 2011, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), divulgado esta semana com base em dados colhidos em 2009 na Justiça criminal e nos sistemas de saúde pública de 207 países. Em números absolutos, somos o primeiro do ranking, com 43.909 registros de assassinatos – mais mortes do que em nações envolvidas em guerras. Em números proporcionais, considerando-se a quantidade de assassinatos por 100 mil habitantes – o Brasil é o terceiro da América do Sul, sendo superado pela Venezuela e pela Colômbia.

Os parâmetros internacionais são importantes para podermos avaliar o grau de violência nas grandes cidades brasileiras, mas esta é uma questão exclusivamente nossa. O Brasil precisa ser comparado com o próprio Brasil, especialmente num confronto de políticas públicas e comportamentos que incidem sobre o morticínio. O mesmo levantamento da ONU aponta claramente um caminho para a superação deste estado de calamidade, ao comparar tendências nas taxas de homicídio registradas nas duas maiores cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo.

A analogia mostra claramente que políticas de prevenção de crime adotadas por governos locais podem ter impacto determinante nos índices de criminalidade. Há 10 anos, São Paulo tinha uma taxa de homicídios próxima de 120 mortes por 100 mil habitantes, superior à do Rio, que era de 105 óbitos por 100 mil habitantes. No último levantamento, São Paulo registrou 40 mortes por 100 mil, enquanto o Rio continuava próximo do número anterior, 100 mortes por 100 mil.

O que houve em São Paulo? As últimas administrações vêm investindo em tecnologia, em métodos de inteligência policial, em estratégias de recolhimento de armas ilegais, na melhoria da gestão policial e na prevenção. Se a maior cidade do país, com 11 milhões de habitantes, pode alcançar resultados tão satisfatórios com políticas públicas adequadas, é sinal de que a violência no país pode ser atenuada. Nos últimos anos, o Rio de Janeiro também parece ter encontrado um bom caminho, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora e o cerco sobre o tráfico de drogas.

A repressão adequada, porém, é apenas parte da solução. Mais importante do que remediar é prevenir, oferecendo às populações projetos sociais e oportunidades que reduzam o potencial de criminalidade. Claro que é importante contar com forças policiais eficientes e bem equipadas, pois o cidadão que se sente desprotegido pelo aparelho oficial tende a se armar para se defender, quase sempre contribuindo para o ciclo da violência, uma vez que muitas armas legalmente adquiridas para a defesa pessoal vão parar nas mãos de delinquentes.

O desarmamento, isoladamente, não é solução, mas faz parte do conjunto de atitudes que a sociedade e o poder público precisam adotar em conjunto para retirar o país da liderança deste deprimente processo de extermínio de seus habitantes.

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