04 de outubro de 2011 | N° 16846
ARTIGOS
Grevistas e atores,
por Joselma Noal*
Greve é um direito de protesto do trabalhador e como tal deveria ser entendida. O medo de sofrer demissão, por parte dos funcionários de empresas privadas, neste caso bancários, fez com que a greve perdesse o sentido de seriedade e comprometimento que deveria fazer parte do processo.
Considero lamentável, para não dizer vergonhoso, o pagamento de militantes para encenação do papel de grevistas na frente dos bancos. Na verdade, não sei por que me assombro tanto com o Brasil. Afinal, no país do jeitinho e da mentirinha, claro que a greve também pode virar teatro! Me coloco no lugar do trabalhador do setor privado e sei que a situação é séria, compreendo o temor à demissão e a necessidade do emprego para a sobrevivência, mas não suporto a ideia de grevistas atores, me parece ultrajante!
O nosso país, já reconhecido como acomodado e de pouco protesto, com essa encenação assumida torna-se ainda mais desacreditado. Não somos capazes de enfrentamento, de saber protestar em conjunto. Será que o banco demitiria todos os seus funcionários, se todos entrassem em greve? Mas, claro, há os que temem e, no entanto, vão adorar receber aumento, enquanto alguns de verdade protestam, com minhas desculpas pela ironia, pelo escárnio. No momento em que são contratados militantes, e isto é dito e assumido pelo setor, o sentido do protesto se perde totalmente.
Às vezes, sinto orgulho e admiração por aqueles que protestavam de verdade nos anos 60. Não vivi esse tempo, mas confesso que tenho saudade daquele povo que já fomos um dia, formado por brasileiros munidos de maior valentia, talvez até com uma dose de rebeldia ou inconsequência, como costumamos ouvir de alguns. Porém, todos devem concordar que se tratava de gente que protestava de verdade, não havia militantes pagos, eram todos reais e arriscavam a própria pele por uma causa.
Hoje, somos sujeitos sem causa, cada um luta para defender o seu lado, sujeitos voltados para o próprio umbigo, nos transformamos em pessoas egoístas e despreocupadas com o social. Uma pena!
*ESCRITORA, PROFESSORA DE LÍNGUA ESPANHOLA DA FURGConsidero lamentável, para não dizer vergonhoso, o pagamento de militantes para encenação do papel de grevistas na frente dos bancos. Na verdade, não sei por que me assombro tanto com o Brasil. Afinal, no país do jeitinho e da mentirinha, claro que a greve também pode virar teatro! Me coloco no lugar do trabalhador do setor privado e sei que a situação é séria, compreendo o temor à demissão e a necessidade do emprego para a sobrevivência, mas não suporto a ideia de grevistas atores, me parece ultrajante!
O nosso país, já reconhecido como acomodado e de pouco protesto, com essa encenação assumida torna-se ainda mais desacreditado. Não somos capazes de enfrentamento, de saber protestar em conjunto. Será que o banco demitiria todos os seus funcionários, se todos entrassem em greve? Mas, claro, há os que temem e, no entanto, vão adorar receber aumento, enquanto alguns de verdade protestam, com minhas desculpas pela ironia, pelo escárnio. No momento em que são contratados militantes, e isto é dito e assumido pelo setor, o sentido do protesto se perde totalmente.
Às vezes, sinto orgulho e admiração por aqueles que protestavam de verdade nos anos 60. Não vivi esse tempo, mas confesso que tenho saudade daquele povo que já fomos um dia, formado por brasileiros munidos de maior valentia, talvez até com uma dose de rebeldia ou inconsequência, como costumamos ouvir de alguns. Porém, todos devem concordar que se tratava de gente que protestava de verdade, não havia militantes pagos, eram todos reais e arriscavam a própria pele por uma causa.
Hoje, somos sujeitos sem causa, cada um luta para defender o seu lado, sujeitos voltados para o próprio umbigo, nos transformamos em pessoas egoístas e despreocupadas com o social. Uma pena!
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