Hoje
ouvi notícia que a Justiça Russa, em novo julgamento, negou pedido de fiança e
liberdade provisória à bióloga brasileira Ana Paula Maciel, ativista do
Greenpeace presa naquele país desde 19 de setembro.
Os
que me conhecem, e muitos conhecem, sabem que não me furto de expressar minha
opinião, mesmo que ela venha a ser rebatida, e não temo isto, porque meu espaço
aqui é democrático e receptivo a críticas, reparos, sugestões, e na questão
acima vou me manifestar, não no particular, pois não tenho informações
suficientes para analisar se houve ou não a prática criminosa de parte da bióloga
brasileira, mas sim no geral, em razão de que o caso nos permite construir
reflexões, as quais entendo pertinentes, senão vejamos:
Primeiro,
que, e eu enxergo isto no Brasil, ativistas, sejam quais causas forem - sociais,
ambientais...- querem dar a entender que a sua bandeira lhes daria uma certa
imunidade e licença para cometerem delitos, e muitas vezes tentam incutir na
mente das pessoas, pelo senso comum, apoiados por alguns (não todos) veículos
de comunicação social, que as ações do
Estado, principalmente as policiais, decorrem contra a bandeira que defendem
(sociais, ambientais, salariais) e não dos crimes que cometem, ou jogam estas
ações estatais para o viés político, como se fosse uma reação ideológica, e
deixam para segundo plano a discussão da inobservância da Lei, porque não é
interessante que esta discussão aflore mesmo. Penso que estes limites, que já
estão postos por legislação, sejam bem delineados, para que não se crie a
confusão na sociedade de que o Estado (polícias), estejam reagindo contra
movimentos sociais, o que não é verdade, pois quando legítimos, estão sob abrigo
da Constituição Federal, portanto devem ter a garantia da própria polícia para
que ocorram. Na verdade, a reação se dá pelas práticas criminosas de
integrantes destes grupos de ativistas que se aproveitam da legitimidade dos
movimentos sociais e grupos de ativistas com propósitos legítimos, para
cometerem delitos, e, o pior, em nome destes movimentos clamam para que suas
práticas sejam excluídas do conceito de crime, o que é inaceitável.
Segundo,
que no Brasil, as pessoas estão “acostumadas” com a impunidade e a complacência
da Lei, muito carinhosa e leniente para com quem comete delitos, e não me
insurjo a esta benevolência para crimes de menor potencial ofensivo, e sim para
o de maior potencial ofensivo, mais gravosos, também com muitos benefícios
legais para quem os pratica.
Portanto
quando enxergamos um País com Leis rigorosas, mesmo que afetem brasileiros, e
que negam benefícios, aqui alcançados para os piores dos bandidos, a exemplo de
liberdade provisória e fiança, nos surpreendemos, e na sociedade brasileira,
por seu senso comum, aflora o sentimento de injustiça, ainda mais considerando
que a ativista estava na defesa do meio-ambiente, bem de valor inestimável a
todos (e como este ativismo é nobre, poderíamos desconsiderar os outros
direitos afetados por esta defesa, no exercício, digamos, arbitrário de suas
razões).
Apresento
estas reflexões ao leitor, que ressalto, são minhas, mas que me levaram a crer
que o problema pode não estar na legislação russa, e sim na legislação brasileira,
que criou no “íntimo” e no imaginário do cidadão brasileiro que pode fazer o
que quiser, com muitas poucas consequências práticas (impunidade), mormente se
o praticante do delito estiver imunizado pelo ativismo em defesa de questões
legitimas, importantes para toda a sociedade.
Ótimo
dia a todos, e, eu rogo que a bióloga Brasileira que está presa na Rússia tenha
alcançada toda a justiça que mereça, e que se praticou delitos, seja
responsabilizada, porque devemos ser responsáveis por nossos atos, porém, se
nada fez, que seja imediatamente posta em liberdade, e siga, de forma legitima,
moral e ética, na defesa do meio-ambiente deste planeta, tão degradado em nome
do progresso e do lucro.
Ronie
de Oliveira Coimbra
Major
da Brigada Militar
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