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domingo, 18 de setembro de 2011

MAIS TRANSPARÊNCIA, MENOS FAXINAS













Zero Hora - 18 de setembro de 2011 - N° 16829

EDITORIAIS


A presidente Dilma Rousseff rejeita a expressão “faxina ética”, que vem sendo utilizada pela mídia para sintetizar os sucessivos afastamentos de gestores graduados da administração federal, por envolvimento em irregularidades. Mas a queda de cinco ministros em menos de nove meses de governo, quatro deles em decorrência de inequívoco protagonismo em malfeitorias, parece não deixar dúvida de que a presidente está comprometida com o combate à corrupção, por mais que as substituições incomodem aliados políticos, constranjam integrantes de seu próprio partido e municiem a oposição. A sensibilidade do atual governo em relação às denúncias feitas pela imprensa, que estão na origem das mudanças ministeriais, também merece ser saudada como um aspecto positivo e democrático. Porém, precisa ser complementada por mecanismos de transparência que efetivamente garantam a lisura da administração pública e mantenham os cidadãos permanentemente informados sobre a conduta de seus representantes, especialmente no que se refere à gestão de gastos públicos.

Seria muito bom para o país que servidores incompetentes ou desonestos fossem afastados antes mesmo que suas ilicitudes chegassem ao conhecimento da mídia. O brasileiro passaria a respeitar mais as instituições públicas se os órgãos fiscalizadores detectassem com mais frequência as deformações e as irregularidades da máquina administrativa, promovendo efetivas correções. E a classe política certamente estaria melhor conceituada junto à opinião pública se os partidos selecionassem melhor seus filiados, submetendo a cargos eletivos e funções públicas apenas aqueles que comprovassem efetiva idoneidade e capacitação para o exercício de suas atribuições.

Falta-nos muito, porém, para a conquista desta cultura de probidade na administração pública, indispensável para restaurar a confiança dos cidadãos nos seus representantes políticos. Mas estamos no caminho. Embora os recentes escândalos possam passar a falsa impressão de que a corrupção aumenta, o que está crescendo é a sensação de que os brasileiros são capazes de consertar o país. Quando uma imprensa independente e responsável exerce o seu papel fiscalizador, denuncia irregularidades, conta com o apoio da opinião pública e é levada em consideração pelo governo, a democracia está sendo exercida em sua plenitude.

Evidentemente, ninguém é dono da verdade. Também o trabalho da mídia deve ser fiscalizado permanentemente pelos cidadãos, que hoje contam com suficientes ferramentas tecnológicas para cobrar qualidade e responsabilidade dos veículos e dos profissionais de comunicação. Neste sentido, a própria imprensa deve ter o cuidado para que a classe política e as instituições oficiais não sejam demonizadas em decorrência dos desvios praticados por alguns homens públicos. Mas, por mais que as denúncias contrariem interesses, a mídia também não pode renunciar ao seu papel de porta-voz da sociedade, com representatividade para levar a indignação dos cidadãos a governantes e autoridades, forçando-os a corrigir o que está errado e a prestar contas do que fazem.

O exercício da transparência é que pode eliminar a necessidade de novas faxinas.

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