Gosto de conversar com pessoas que nunca vi antes. Gosto mesmo! E é por isso que sempre aos domingos costumo ir a uma cafeteria próxima à minha casa saborear um café e falar com pessoas, indistintamente. Falamos sobre política, filhos, o custo de vida, alimentos, sobre relacionamentos... É claro que esse último assunto atrai mais a ala feminina, porém nenhum assunto é indiscutível. Existem diálogos tão doces e encorpados como o café que hoje degusto, existem também os amargos e ralos, todavia nenhum desses deixa de marcar o meu paladar físico e emocional.
O que mais me agrada é o mergulho que dou no universo do outro, é acompanhar no olhar, nos gestos, algumas emoções que a fala muitas vezes não consegue reproduzir. É ter-me revelado experiências alegres ou tristes vividas pelo outro e perceber que eu me encontro na experiência dele. Eu absorvo cada palavra ouvida e as significo também, utilizando-me do meu repertório, sim, um repertório que por vezes me inclina a julgar e que me causa certo desconforto, pois de fato não carrego comigo a pretensão em julgar a vida e atos de quem nem mesmo conheço. Prefiro acolher que julgar, afinal o mundo já dispõe de muitos tribunais e juízes instáveis, como todo ser humano.
Gostaria muito de conversar mais comigo mesma, de tornar-me capaz de compreender o que se passa com meus sentimentos, de apoderar-me do que se mantém submerso no meu inconsciente e que, de súbito, emerge fertilizando minhas emoções, traçando os contornos de minha individualidade. Contudo, enquanto não consigo conhecer-me por completa, se é que é possível, vou seguindo, tendo o prazer da minha própria companhia, estabelecendo comigo mesma, eventualmente, algumas D.R (Discutir Relação), divertindo-me com meus pequenos desastres, aprendendo com meus erros e amando-me a cada dia.
Julho de 2015
Capitã na Polícia Militar do Ceará
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