Zero
Hora - 10 de junho de 2013
EDITORIAIS
PROTESTOS
SEM VANDALISMO
Pichações, danos a prédios e equipamentos
públicos, carros e ônibus depredados, além de confrontos entre manifestantes e
policiais, vêm marcando os protestos públicos contra a elevação de tarifas
urbanas em algumas cidades brasileiras. Numa democracia, as forças de segurança
têm que ser tolerantes com as manifestações coletivas, mas dentro do limite da
manutenção da ordem pública. Protestar é um exercício de cidadania, mas a
destruição do patrimônio alheio, seja ele privado ou público, é puro vandalismo
e isso não pode ser aceito como normal.
O que ocorreu recentemente em Porto Alegre
repete-se agora em São Paulo, com um grau ainda maior de conflito. Na semana
passada, manifestantes e policiais ficaram feridos depois de confrontos de rua
que também resultaram em prédios e veículos danificados, bloqueio de trânsito e
até a destruição de uma banca de revistas. A polícia reagiu com bombas de gás
lacrimogêneo, balas de borracha e efetuou pelo menos 15 prisões. O pano de
fundo do enfrentamento é o mesmo: inconformismo de setores da sociedade, especialmente
de estudantes e militantes políticos, com a elevação das tarifas do transporte
urbano.
No rastro dessa insatisfação, que é legítima,
vêm se formando no país movimentos que se dizem apolíticos, mas que abrigam os
integrantes mais radicais das organizações partidárias. Sob denominações
criadas ao sabor do momento, esses grupos congregam ao mesmo tempo cidadãos
bem-intencionados e profissionais da desordem, que muitas vezes se aproveitam
da ocasião para levar à prática seus maus instintos. É uma pena, pois o
vandalismo desmerece até mesmo causas nobres, que poderiam contar com a
simpatia da população.
A questão das tarifas públicas merece mesmo
ser acompanhada de perto pela sociedade, seja através da representação
parlamentar ou mesmo de forma direta, por indivíduos e movimentos sociais. Mas
precisa ser analisada com mais tecnicismo e menos emocionalismos. Se temos
inflação, se os insumos necessários à execução do serviço de transporte sobem
com frequência, é justo que os preços das tarifas sejam periodicamente
revisados, porém dentro de critérios transparentes e acessíveis aos usuários.
Protestar, cobrar dos governantes e chamar a atenção da população para
injustiças são ações democráticas. Porém, sujar prédios públicos, quebrar
vidraças e depredar equipamentos são atos de irracionalidade que só depõem
contra aqueles que os praticam.
Fica evidente, portanto, que os protagonistas
da baderna precisam ser contidos, até mesmo para que os cidadãos conscientes,
que querem usar o direito constitucional de questionar seus governantes, possam
ser ouvidos melhor e transformar seus pleitos em causas coletivas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Opinião: Contribua com sua opinião, sugestão, crítica ou outra colaboração para aperfeiçoar os serviços da Brigada Militar de Sapucaia do Sul.