A minha opinião, contida neste singelo ensaio, é consequência de pequena matéria que foi veiculada no Jornal do Almoço do dia 11 de novembro de 2014, cujo link para o leitor acessar segue ao pé deste texto. Sigamos:
Apesar da flagrante parcialidade da apresentadora do
Jornal do Almoço, já com "opinião" formada e antipática a Brigada
Militar, parabenizo o Major Ribeiro pela clareza e domínio profissional que
caracterizou sua fala, embora muito pouca oportunidade lhe fosse dada para falar, elucidando o papel da Brigada Militar perante eventos
que possam perturbar determinadas comunidades, e que a polícia militar não participa ou estimula que estabelecimentos públicos sejam fechados, ao contrário, nosso papel é garantir que funcionem quando devam funcionar.
Na condição de Oficial da Brigada Militar servi em
praticamente toda Porto Alegre, exceção do Bairro Restinga, e, mais especificamente,
por duas oportunidades, no 20º Batalhão, que policia a zona Nordeste de Porto
Alegre. A primeira, de 1998 a 2001, como Capitão, servindo na companhia que
exatamente tinha como jurisdição os bairros Jardim Leopoldina, Passo das Pedras
e Mário Quintana; e a segunda, de 2007 a 2008, como Major, comandando a
Companhia que policia os bairros Jardim Lindóia, Planalto, Jardim Itú-Sabará,
dentre outros, o que, creio, me dá respaldo para dizer que em diversas
oportunidades estabelecimentos de ensino, de saúde, dentre outros, escudados na
falta de sensação de segurança, fechavam suas portas, mesmo que os eventos
ditos violentos ocorressem até distantes de suas localizações.
Quando comandante de Sapucaia do Sul tínhamos um
empenho especial para a comunidade escolar, com a criação do Conselho de
Segurança Escolar e a Patrulha de Motociclistas, mas não foi uma nem duas vezes
que direções de algumas escolas tomavam a decisão de fechar seus
estabelecimentos ao menor rumor de perturbações promovidas pela delinquência. Demovíamos
este intento com a presença policial nestes locais, e, claro, com medidas
preventivas e de inteligência, mas confesso que me parece, sempre muito mais fácil,
fechar as portas do que compartilhar o problema com os vários atores protagonistas
na busca de soluções.
Quanto ao espaço territorial da Escola referida na reportagem,
ou seja, o Bairro Timbaúva, que na verdade são três (Timbaúvas I, II e III), há que
se questionar o governo municipal do final dos anos 90, que simplesmente, e praticamente, “jogou”
as pessoas naquela porção territorial, estas oriundas de remanejos de ocupações
irregulares de Porto Alegre, sem nenhuma condição básica para recepcionar
pessoas, criando um ambiente propício a exclusão social e interessante ao olhar
da delinquência, mormente os traficantes de drogas.
Tamanha inconsequência obviamente que teria um preço a
ser pago pela sociedade, e, como é de praxe, as consequências são colocadas às
costas da polícia, já tão assoberbada de tarefas, que está, agora e cada vez
mais, a ter que resolver os desatinos de gestões, no caso, a municipal, que a
época não tratou pessoas como se seres-humanos fossem.
E setores da mídia, que claro é formada por pessoas,
desconhecendo a causa, mas lidando somente com a consequência, tratam a polícia
militar com hostilidade, atribuindo a ela toda a responsabilidade pela
violência e pela criminalidade.
Ledo engano, que embora seja uma inverdade, de tanto
ser dito e propalado pela imprensa e governantes, estes satisfeitos com esta
explicação simplista e cômoda, se tornou uma verdade.
*Major da Brigada Militar.
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