Zero
Hora - 23 de setembro de 2013
FOCO
NOS GASTOS
R$ 13,3
milhões em correspondências
Terceira reportagem da série
sobre gastos dos deputados federais mostra que a bancada gaúcha é,
proporcionalmente, a quinta que mais gasta com postagens de correspondências,
totalizando R$ 859.475,66 na atual legislatura.
Ao receber de um deputado
federal materiais como informativos ou até cartões de felicitações, o eleitor
deve estar consciente de dois fatos.
Primeiro: os impressos são,
via de regra, financiados pela cota parlamentar. Segundo: somente o envio das
correspondências já custou R$ 13.293.857,67 à Câmara desde o começo de 2011, um
gasto que salta próximo às festas de fim de ano.
Em tempos de internet e
redes sociais, os deputados ainda gastam milhões anualmente para postar
impressos aos seus eleitores. Os R$ 13,3 milhões constam em levantamento feito
por ZH, com base em dados abertos do Portal da Transparência da Câmara.
Em 2012, o gasto saltou
aproximadamente 378% de novembro para dezembro, quando a divulgação das
atividades dos parlamentares se mistura a felicitações ao eleitorado.
A verba para postagens
integra a cota para o exercício da atividade parlamentar, ajuda de custo que a
Câmara oferece para despesas como hospedagem, alimentação e passagens aéreas. O
valor da cota varia conforme o Estado do político – no Rio Grande do Sul é de
R$ 34.573,13 mensais por deputado.
No caso da bancada gaúcha,
com 31 integrantes, o desembolso para os envios de correspondência foi de R$
859.475,66 desde 2011. Proporcionalmente, é a quinta bancada que mais gasta em
postagens. Deste valor, R$ 116.848,90 foram gastos por Giovani Cherini (PDT),
líder nesta rubrica entre deputados do RS e 15º entre os 513 deputados do país.
– Utilizo a internet e
também o correio. Sei que muita gente vai criticar que é um gasto
desnecessário, mas boa parte da população do Estado ainda não tem acesso à
internet. Preciso utilizar o correio para me comunicar com a minha base –
justifica Cherini.
Nas planilhas de Cherini não
há salto nos gastos de fim de ano, mas despesa constante por volta de R$ 3,5
mil mensais. Segundo a sua chefe de gabinete, Adriane Cerini, a equipe trabalha
com um mailing de 100 mil pessoas que já entraram em contato com o deputado.
Divididos por perfil – jovens, agricultores, pensionistas –, alguns deles são
selecionados para receber os informativos do gabinete conforme os assuntos
contemplados em cada publicação.
Despesas podem tornar
desigual eleição, diz Castelo Branco
Um contrato com os Correios
permite que os parlamentares façam pedidos de envio de correspondência à
Câmara. Os “impressos especiais” já saem das gráficas com um código de envio. A
prática evita desvios na cota e permite que as cartas sejam remetidas de
qualquer agência dos Correios. No entanto, o parlamentar pode enviar
correspondências pelo método tradicional ou por empresas de encomendas. Nesse
caso, a despesa é reembolsada mediante apresentação de nota.
Para Gil Castelo Branco,
dirigente da organização não governamental Contas Abertas, esses gastos, em sua
maior parte, são para propaganda do parlamentar, que faz uso da cota como
pretexto de prestar contas do mandato.
– Além de absurda, a cota
torna desigual a eleição, porque o parlamentar faz o uso dessa cota com o
pretexto de prestar contas do seu mandato, mas o que nós observamos é uma
propaganda pessoal com o objetivo de se eleger. Esse gasto deveria ser
reduzido, como muitos outros – afirma Castelo Branco.
caue.fonseca@gruporbs.com.br
rodrigo.saccone@gruporbs.com.br
CAUE FONSECA E RODRIGO
SACCONE | BRASÍLIA
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