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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Direito de beber x direito de viver, por Miguel Velasquez*


ARTIGOS - Zero Hora de 09/01/2012
Direito de beber x direito de viver, por Miguel Velasquez*



Ao longo dos anos, defensores de direitos humanos foram tachados injustamente de defensores dos direitos de “bandidos”, não tendo maiores preocupações com as vítimas e seus familiares. Há muitos anos, atuo em defesa dos direitos humanos e considero oportuno manifestar-me sobre a questão álcool e direção. De acordo com o relatório Mapa da Violência 2011, a Organização Mundial da Saúde estima que 400 mil jovens com menos de 25 anos morrem vítimas de acidentes de trânsito no mundo e outros milhões ficam gravemente feridos ou com incapacidade permanente. A seguradora que administra o DPVAT informou que no Brasil morrem diariamente 160 pessoas somente em acidentes de trânsito.

Como promotor de Justiça, pude constatar que na maioria dos homicídios há a presença de álcool no sangue do autor do crime, ou da vítima ou de ambos. O álcool tem a capacidade de transformar as condutas das pessoas, tornando-as potencialmente capazes de promoverem violências. Todos sabem que álcool e direção não combinam. Mesmo assim, somos tolerantes com essas práticas criminosas. As ações de governo, como a Balada Segura ou repressão ao consumo de bebida alcoólica por parte de crianças e adolescentes, ainda não encontram cooperação por boa parte da população. Posto que bares e páginas de redes sociais divulgam os locais onde estão sendo realizadas as operações, a fim de assegurar impunidade aos que insistem em beber e dirigir. A comoção só se dá quando vítimas perdem a vida, como recentemente no litoral gaúcho.

É preciso tomar consciência de que a direção combinada com a ingestão de álcool já o torna um criminoso. A repercussão e a consequência dessa equação são uma questão de sorte. “Hoje cheguei em casa e não matei ou feri ninguém, já amanhã... não sei.” Por ser fator gerador de violência e morte, sou favorável a penas mais severas aos irresponsáveis que conduzem veículos alcoolizados. Arrepender-se depois da tragédia consumada é o mínimo que se espera. Contudo, ninguém devolverá a vida ao que partiu e nem diminuirá a dor de seus parentes e amigos. Todos pagamos essa conta: dor da perda, tratamento das vítimas, seguros mais caros, violência crescente. Caso nada disso o sensibilize, melhor rever seus conceitos, pois a próxima vítima pode ser você. Sou mais pelo direito de viver!

*SECRETÁRIO ADJUNTO DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS

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