Ainda estamos todos sob os efeitos da tragédia que ocorreu em uma Escola Municipal, no bairro Realengo, no Rio de Janeiro, quando 12 crianças foram vitimadas fatalmente e outras 12 restaram feridas, e somente não houve mais mortos e feridos devido à ação oportuníssima de um Sargento da Polícia Militar que conseguiu alvejar o algoz das crianças que, por sua vez, suicidou-se.
Chamo as pessoas a uma reflexão, e alicerço-me em testemunhos de especialistas, que o evento, trágico e permeado de violência, foi um episódio isolado que, até então, somente tomávamos conhecimento de algo assim porque líamos nos jornais ou assistíamos pela televisão quando ocorria em outros países.
O episódio nos causou muita consternação, pois abreviou estupidamente a vida de pessoinhas na tenra idade que recém estavam construindo seus sonhos e aspirações, porém, minha condição de policial me faz ter muitas reservas quando parte da mídia pinta um quadro com cores trágicas e nos injeta convicções de que o fato sinaliza para a ocorrência de outros similares mais adiante, levando o horror para milhões de pessoas, sejam crianças, adolescentes ou adultos, que freqüentam as escolas ou tem filhos, amigos ou parentes freqüentando-as.
Muito claramente sei que temos que enfrentar as violências que ocorrem no ambiente escolar e no seu entorno - que repiso não tem nada a ver com o fato isolado e trágico que iniciou esta coluna – como ofensas, agressões, discriminações, lesões, danos etc, e o tão propalado bullying (pratica reiterada de discriminações ou violências verbais ou físicas contra uma mesma pessoa) que hoje é direcionado tanto contra alguns alunos, quanto contra alguns professores.
Recomendo inicialmente as direções das escolas definirem quais as condutas que são consideradas transgressões e requerem medidas administrativas daquelas que são criminosas e requerem ação policial, e foco este aspecto porque a maioria dos problemas das escolas podem ser resolvidos sem a interferência policial. Em outras palavras, não é a escola que deve mexer no tráfico de drogas e não é a polícia que deve cuidar do insulto ao professor (senão quando represente perigo para esse) e são todos os educadores, quer na escola, quer fora dela, que devem encarar o desafio das incivilidades ou do bullying.
A escola é espaço de construção de saberes, de convivência e socialização e se caracteriza por sua heterogenia, por abrigar pessoas diferenciadas por credo, raça, sexo, condição social, sexualidade etc, e cabe a todos nós, policiais, professores, pais, alunos, agentes públicos e sociedade trabalhar conjuntamente para tornar o ambiente escolar harmônico e propício ao aprendizado de nossas crianças e adolescentes.
O assunto é amplo. Prometo tratar mais vezes o tema.
Ronie de Oliveira Coimbra
Major – Cmt do 33º BPM de Sapucaia do Sul
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