Para refletirmos....
Texto publicado no Jornal Zero Hora, do Secretário Estadual da Educação JOSÉ CLOVIS DE AZEVEDO
A idéia de que a escola é um espaço marcado pela produção da violência é equivocada e, no mínimo, exagerada. A violência, em geral, vem de fora da escola. Os atos que causam comoção na sociedade, felizmente, são estranhos ao cotidiano das escolas e escoram-se em uma dada cultura de violência que percorre escalas crescentes em extensão e profundidade. Pequenas agressões, ataques ao patrimônio público e agressão à vida. A base da violência é o desprezo pela vida alheia provocada pela necessidade de derrotar o outro constantemente. A radicalização dos valores competitivos é a raiz da violência. Competir e vencer, se dar bem a qualquer preço, buscar a vitória pessoal é a principal palavra de ordem da sociedade. Solidariedade, cooperação, respeito ao outro são valores estranhos e até ridicularizados pela lógica da competição e do individualismo exacerbado. Talvez seja a escola um dos últimos espaços onde ainda se encontre compromissos de práticas de valorização da cultura da cooperação, da solidariedade e dos valores humanizantes. A escola é permanentemente assediada pelos princípios da competição e da superação. Tenta-se reduzir a formação à aquisição de habilidades técnicas em língua portuguesa e em matemática, ou ao treinamento de competências. Sem negar a validade destas aquisições, é preciso registrar a sua insuficiência para a formação integral da pessoa. A concepção pedagógica de formação integral pressupõe a formação de um indivíduo que conhece a sua história, o seu contexto cultural, as suas responsabilidades e os seus direitos. Formar um cidadão interativo, competente e hábil no convívio humano é essencial para a formação de uma cultura de paz, de respeito ao outro e de apreço pela vida. Por isso, a educação não pode se restringir ao português e à matemática tem de ser integral, abrangendo todos os campos do conhecimento. Por isso, também, é insuficiente avaliar a educação por resultados quantitativos em português e matemática, pois notas boas na escola não impediram a chacina do Rio, e habilidades técnicas não obstaram o atropelamento dos ciclistas em Porto Alegre. A Secretaria Estadual da Educação está criando os Comitês Comunitários de Prevenção à Violência na Escola, em âmbito estadual, regional e local. Estamos reunindo governo, entidades da sociedade e comunidade escolar numa grande mobilização pelo combate e prevenção à violência. Buscaremos, de forma integrada, melhor conhecer os contextos que podem desencadear ações violentas e definir políticas públicas que dialoguem com os anseios das comunidades e contribuam para uma cultura de paz nas escolas.
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