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quarta-feira, 29 de abril de 2015

O BRASIL DOS BRASILEIROS É TÃO CONTRADITÓRIO, por Ronie Coimbra*

Neste Brasil de tantos contrastes, impera, não menos recorrente, o contraditório:

Aos que tem casa, alguns mansões, se paga o indecoroso auxílio moradia; já para uma parcela significativa de brasileiros, que não possuem moradia, a Caixa Econômica Federal lhes remove, ou dificulta sobremaneira, o sonho da casa própria, eis que agora o financiamento estancou em 50% do valor do imóvel.

O contraditório, portanto, aflora, porque, alguns, que além de ter casa, recebem auxílio moradia; e, outros tantos, milhões talvez, ficam sem casa e sem auxílio-moradia.

Fico me debatendo a pensar que o correto não seria que os que tem casa não recebessem auxílio-moradia; em contrapartida, os que não tem casa, recebessem este auxílio?

DIFÍCIL COMPREENDER, MAIS AINDA DE EXPLICAR, MAS É FATO...

*Major na Brigada Militar do RS

quarta-feira, 22 de abril de 2015

FRANCISCA, O NOME DELA É FRANCISCA! - Por Mavis Rios*

     Em uma manhã de domingo, eu estava na fila do caixa de um grande supermercado em minha cidade, aguardando o momento de ser atendida, eis que se aproxima um senhor, um senhor mesmo, com quase 60 anos, e aquieta-se atrás de mim, aguardando, também, a sua vez. Enquanto distraidamente eu folheava uma revista, escuto a voz serena da senhorita do caixa informando que aquele espaço de pagamento restringia-se apenas para compras de até 15 itens, meus olhos assustados fitaram-na de imediato, porém, aliviados, observaram que o alerta dirigia-se não a mim, mas ao senhor que estava logo atrás.
    O homem que já apresentava semblante sisudo, ao ouvir a senhorita do caixa falar, franziu a testa alcançando o olhar e retrucou dizendo em alto tom: “Você não vê que não há mais de 15 volumes neste carrinho?” A esposa que o acompanhava permaneceu inerte.
      Sinceramente, até o mais míope dos míopes constataria que não só havia mais de 15 itens no interior daquele carrinho, como a fisionomia do senhor tomava ares de ira. Inquieto, ele permaneceu no mesmo lugar, dando de ombros a funcionária, enquanto a esposa retirava-se desconcertada de perto. Nesse momento, dei por mim que aquele diálogo havia finalizado, pois não haveria por parte daquela moça, aparentemente calma, coragem para sobrepor-se à expressão arrogante daquele cliente que logo lançaria mão a sua credencial de senilidade, como amparo ao destrato às normas vigentes, ali personificadas pela funcionária do mercado. No entanto, para minha satisfação, ela o olhou, e, com ânimo, disse-lhe: “Senhor, nesse caixa as suas compras não poderão ser pagas”. Meu contentamento fazia-me cócegas, eu sorria incontidamente por dentro, senti-me em êxtase. O senhor mais uma vez munido de sua peculiar arrogância, talvez, por ter sido tratado igual aos demais, como um pobre mortal, exigiu o nome da funcionária para possivelmente registrar uma reclamação, ou, quiçá, na irrealidade de seu infundado pensamento, lavrar auto de uma infração ainda não tipificada em nossa legislação. De pronto, a senhorita do caixa levou as mãos ao seu crachá e o expôs, vaidosamente, ao tempo em que verbalizava a sua graça. Sem mais palavras o homem retirou-se, levando consigo o seu carrinho repleto de empáfia.
     A moça do caixa que de uma maneira sutil, serena, elegante, austera, se mostrou corajosamente justa na condução do seu ofício, chama-se Francisca, e mesmo diante da fala de um magnata da falta de educação, Francisca vestiu-se de sensibilidade e percebeu que a arrogância daquele homem nada mais é do que a fusão de suas inseguranças pessoais, demonstradas em atitudes e palavras.
     Meus aplausos para você Francisca!
     Abril de 2015

*Capitã na Polícia Militar do Ceará

terça-feira, 21 de abril de 2015

21 DE ABRIL - DIA DAS JUSTAS E MERECIDAS HOMENAGENS AO POLICIAL MILITAR.

Você o verá na terra, nas águas e no ar, faça sol ou faça chuva, faça frio ou faça calor, seja de dia ou seja de noite, seja dia útil ou seja sábado, domingo ou feriado, lá ele estará, alerta, altivo, disponível...
Ele lhe alcançará a informação que você pedir, lhe prestará o socorro que clamar, lhe atenderá quando precisar, lhe ouvirá quando falar, oferecerá até um ombro amigo quando você precisar, e chorará quando não puder evitar o trágico desfecho, e sorrirá quando sentir que o dever foi bem cumprido.
Ele não se furtará ao dever, eis que terá que honrar o compromisso que firmou na incipiência de sua carreira de “dedicar-se inteiramente ao serviço policial militar, mesmo com o sacrifício da própria vida”. Juramento definitivo que muitas vezes tem sido levado a cabo pelos heróis de farda, que sacrificaram suas vidas em defesa da sociedade.
Não pedem reconhecimento, nem festejos pelo que fazem, apenas respeito por sua profissão, tão edificante, arriscada, as vezes subestimada, mas, indubitavelmente, tão necessária, eis que, por somente existir, o policial militar garante que o cidadão se dirija ao seu trabalho, vá para os locais em que pode estudar, goze de seu lazer, e, possa, nos finais de tarde sentir a brisa no rosto e vislumbrar o belo espetáculo do pôr-do-sol.
Dele exigem a perfeição, e assim demonstram que estão a esquecer que sob a farda está um ser-humano, falível, sensível, capaz das paixões e emoções inerentes a uma pessoa. Cobrem dele o erro, mas o perdoem por sua humanidade, e, nunca esqueçam, que ele, não obstante a frágil humanidade que lhe caracteriza, poderá ser o único super-herói disponível para lhe salvar, e, com certeza, quando precisar de ajuda, em algum lampejo de sua mente lhe ocorrerá desejar que ali, perto de você,  estivesse um POLICIAL MILITAR...
RENDO, AS JUSTA E MERECIDAS HOMENAGENS POR SEU DIA, POLICIAL MILITAR...


Ronie de Oliveira Coimbra
Major na Brigada Militar do RS.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Caixinha, por Mavis Rios*

Certa vez uma amiga me falou que eu tinha que sair, ir a um pub, conhecer gente! Ela então passou a descrever o tal pub que de imediato eu o associei a uma caixinha apertadinha. A partir daí, não conseguia entender por que eu preciso estar dentro de uma caixinha para conhecer gente. Na realidade, a ideia da caixinha me trouxe a mente um desejo inverso, não o de entrar, mas o de sair.
Sinceramente não me vejo dentro de uma caixinha, mas sim fora. Angustia-me pensar que estou restrita, fechada em um espaço sem muitas saídas, sem muitas alternativas e quando penso em espaço não me restrinjo somente ao físico, mas também ao intelectual, emocional, e espiritual. Obviamente, minha amiga se referia a um local de divertimento, de encontros, no entanto, a caixinha, como carinhosamente passei a denominar os pubs, se fez presente nos meus pensamentos como algo limitante, sufocante, alienante.
O xeque-mate da questão é percebermos que consciente ou inconscientemente já habitamos dentro de uma caixinha, algumas maiores, outras apertadinhas, que não nos permite dar muitos passos, enxergar o lado de fora ou quando muito enxergá-lo de um só ângulo. Essa condição de habitar em uma caixinha é comum a muitos de nós, tornado-nos do tamanho e do formato da caixa que nos permitimos viver. Nessa condição, nosso entendimento e apreensão do mundo atrofiam, nossa sensibilidade se apequena.
Particularmente, minha amiga, eu não simpatizo com a ideia da caixinha, não da sua, mas da subjetividade da minha. Diariamente luto para sair desse invólucro que invariavelmente me limita, engessa meus pensamentos, reduz minha percepção do mundo, das pessoas e dos sentimentos.
Defintivamente, não há nada melhor para se conhecer gente que está do lado de fora, “sem paredes” limitando a nossa visão do mundo, impedindo que conheçamos melhor pessoas importante como eu e vc.
* Capitã na Polícia Militar do Ceará
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Justiça Linear - Opinião, por Ronie de Oliveira Coimbra*


Muito me preocupa, e esta deve ser também a preocupação de milhões de cidadãos de bem, o critério meramente matemático, linear e formal que muitos magistrados utilizam para devolver as ruas delinqüentes de alta periculosidade, sejam estes conscientes de seus atos criminosos, ou não.

E não me convencem as explicações de que a legislação impõe como regra a liberdade do acusado, pois no caso do goleiro Bruno, quando ainda não fora condenado pelo homicídio de Eliza Samudio, e recentemente, no caso do assassinato do menino Bernardo, tal não ocorreu, assim como muitos outros exemplos nos quais se impôs a segregação dos acusados, mesmo antes que se tornassem réus.

Este proceder deveria ser aplicado ao abrigo do bem-comum, da necessidade de segurança de uma coletividade, pois, o que vemos ocorrer, por muitas vezes, é a liberação de bandidos perigosos, perversos, destituídos de qualquer sensibilidade com a vida e a integridade física das pessoas, retornarem as ruas, libertados por determinações de juízes que se valem somente das garantias individuais destes delinqüentes, esquecendo que suas decisões podem ser por demais deletérias as pessoas de bem, honestas, e que simplesmente querem conviver e interagir com alguém que logo ali adiante não lhes corte o pescoço.

Estes direitos de progressão de pena e liberdade condicional não são de concessão automática, e trago à baila, como exemplo, artigo do código penal que diz que o preso, condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento condicional ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir, liberdade esta concedida pelo Juiz de Execuções Penais, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público.

Algo, em meu intimo, me leva a duvidar que tudo isto que em lei está previsto, realmente está sendo feito, por duas razões: Seriam muitas pessoas a quererem libertar delinqüentes perigosos e maus; e, segundo, que não creio que a análise da possibilidade latente do bandido delinqüir novamente está sendo processada com cientificidade e seriedade, senão não haveria tanta reincidência de práticas de crimes com graves ameaças e violências, inclusive fatais, a vitimar os cidadãos brasileiros, perpetradas por beneficiados com os dispositivos de nossa condescendente Lei de Execuções Penais.

 

*Major na Brigada Militar do RS.

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