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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

NÃO SE PODE AGRADAR A TODOS!!!, Opinião, por Ronie de Oliveira Coimbra



“Em pleno calor do dia, um pai andava pelas poeirentas ruas de Keshan junto com seu filho e um jumento. O pai estava sentado no animal, enquanto o filho o conduzia, puxando a montaria com uma corda. “Pobre criança!”, exclamou um passante, “suas perninhas curtas precisam esforçar-se para não ficar para trás do jumento”. “Como pode aquele homem ficar ali sentado tão calmamente sobre a montaria, ao ver que o menino está virando um farrapo de tanto correr”. O pai tomou a sério esta observação, desmontou do jumento na esquina seguinte e colocou o rapaz sobre a sela. Porém não passou muito tempo até que outro passante erguesse a voz para dizer: “Que desgraça! O pequeno fedelho lá vai sentado como um sultão, enquanto seu velho pai corre ao lado”. Esse comentário muito magoou o rapaz, e ele pediu ao pai que montasse também no burro, às suas costas. “Já se viu coisa como essa?”, resmungou uma mulher usando véu. “Tamanha crueldade para com os animais!” “O lombo do pobre jumento está vergado, e aquele velho que para nada serve e seu filho, abancaram-se como se o animal fosse um divã, pobre criatura!” Os dois alvos dessa amarga crítica entreolharam-se e, sem dizer uma palavra, desmontaram. Entretanto mal tinham andado alguns passos quando outro estranho fez troça deles ao dizer: “Graças a Deus que eu não sou tão bobo assim!” “Por que vocês dois conduzem esse jumento se ele não lhes presta serviço algum, se ele nem mesmo serve de montaria para um de vocês?” O pai colocou um punhado de palha na boca do jumento e pôs a mão sobre o ombro do filho e disse: “Independente do que fizermos, sempre há alguém que discorda de nossa ação. Acho que nós mesmos precisamos determinar o que é correto”.
Hoje me valho da parábola acima para asseverar que o Policial Militar, por mais que se esforce na prestação de seus serviços a sociedade, nunca conseguirá agradar a todos. Embora o brigadiano atue em muitas ocorrências assistenciais ou de orientação e auxílio às pessoas, as demais, em esmagadora maioria, envolvem o conflito. Ou a pessoa está em conflito com outrem, e requer a mediação do policial, ou ela está em conflito com a Lei, e requer a ação legal do policial. Em quaisquer das situações alguém restará desconforme, julgando-se prejudicado, mesmo que o policial aja em estrito cumprimento do que determina a lei, a moral e os costumes.
Arremato este pequeno ensaio para dizer que o policial não deve se frustrar com isto, pois a sua ação precisa estar revestida de legalidade, imparcialidade e impessoalidade, e nem julgar que o seu trabalho não é reconhecido, ao contrário, a necessidade da existência da polícia e de seus profissionais restou, há muito, comprovada, mas, como nos ensina a parábola, vinda de tempos primordiais, “Independente do que fizermos, sempre há alguém que discorda de nossa ação”, ou então, parafraseando Jean Jacques Rousseau: “ Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém.”
Abraços.
Major Ronie de Oliveira Coimbra
Cmt da Brigada Militar de Sapucaia do Sul

5 comentários:

  1. Luiz Fernandes Júnior - 15º BPM5 de dezembro de 2012 às 14:46

    Muito bom Major... Sábias palavras...

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    1. Obrigado pelo registro Luiz...Penso ser a mais pura realidade. Abraço.

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  2. Belas palavras comandante! muito bem colocado, essa conjugação com essa conhecida parábola relata a mais pura realidade brigadiana, sempre está sendo alvo de críticas. Sábias palavras. Abraço, Zazycki.

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    1. Fato comandante! Valores como probiedade e civismo estão cada vez mais escassos em nossa sociedade. Seguimos em nossa "luta" diária, fizemos a nossa parte e quem sabe um dia possamos resgatar e/ou inculcar em nossa sociedade esses valores essenciais. Abraço fraterno, Zazycki.

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    2. Obrigado caro colega Zazycki...E escrevestes muito bem em dizer que a parábola reflete a realidade brigadiana, que, muito embora faça seu trabalho, e vá além de suas obrigações, sempre é alvo de críticas. Não que sejamos refratários a críticas, algumas até são justas, mas a grande maioria decorre de pessoalismos e casuísmos. Abração

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