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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

DE CADA 10 PRESOS QUE SAEM DO PRESÍDIO, 07 RETORNAM PARA O CRIME.

Reportagem: Vanessa Gonçalves.
Central Band de Jornalismo
31/01/2011  16h42

Se o mercado de trabalho é difícil para as pessoas de ficha limpa, para quem tem antecedentes criminais é muito pior.
O reincidente em crimes de furto, Roger Moreira Souza relata as dificuldades encontradas por quem sai do presídio.
“Experimenta tirar uma ficha, uma folha corrida para emprego e ali constar que fulano de tal já tem antecedentes por tal crime. Quando puxarem a tua ficha e verem que tu tem um passado já não vão mais te olhar com os mesmos olhos”.
A dificuldade para ingressar no mercado de trabalho caminha junto com as tentações de retorno à prática criminal. Assim se completa o ciclo vicioso do crime. Para evitar que esse ciclo continue acontecendo, é necessário criar vagas em presídios e aprimorar o sistema carcerário, mas ao mesmo tempo investir em educação, em trabalho, em cidadania. Essas são as convicções do juiz da vara de execuções criminais, Alexandre Pacheco.
“Tem que investir em políticas públicas como saúde, educação, saneamento básico, moradia e emprego. A maioria tem problemas sérios de família, pai e mãe ausente, é preciso dar assistência para essas pessoas”.
Para o representante do Movimento de Justiça e direitos humanos, Jair Krischke os governantes estão criando políticas de segurança pública de Governo e não de Estado, assim, não há continuidade nos projetos.
“O número de reincidência é incrível. O Estado precisa tomar uma atitude drástica, caso contrário o Estado gasta com os apenados e nada muda. As políticas de segurança pública se entrelaçam com o social e são de longo prazo. Eu não vejo governante com coragem de fazer, só vejo publicidade”.
O custo para agir na conseqüência é sempre maior do que o custo para agir na prevenção. Um exemplo disso é o valor necessário para manter um jovem na Fundação de Assistência Sócio Educativa, a Fase: São 48 mil reais por ano. Sete vezes mais do que manter um jovem na escola que é de 6 mil reais por ano. O secretário de segurança pública do Rio Grande do Sul, Airton Michels explica o que as forças de segurança do Estado podem fazer no combate ao crime desde a origem do problema.
"Uma secretaria de segurança pode pegar um território violento e transformar num território de paz. Primeiro de forma repressiva, tirando a violência, combatendo o tráfico de drogas e depois o Estado tem que entrar lá, com educação, com cultura, com lazer”.
Medidas simples podem atenuar o problema. Um exemplo disso é a separação dos presos perigosos dos menos violentos para que esses não sejam recrutados. A superintendência dos serviços penitenciários resolveu tomar essa medida agora, segundo o responsável pelo órgão, Gelson Treiesleben.
“Nós vamos combater essa questão de falta de vagas no sistema penitenciário, mas paralelamente a isso estamos trabalhando com a questão da individualização, essa é uma das nossas políticas”.
Uma notícia boa para os gaúchos é que o RS tem um saldo positivo em relação ao restante do país, mesmo com as dificuldades de reinserção dos ex apenados no mercado de trabalho. A média gaúcha de presos que trabalham fora das prisões é de 17 % enquanto a média do país é de 3 %. Daniel Santos de 37 anos, saiu há 8 anos da prisão. Depois de passar algumas dificuldades no cárcere, ele ingressou numa faculdade e hoje trabalha. Daniel conta que é preciso ter persistência.
“Não adianta vim me dizer não deu certo que fulano pegou no meu pé. No meu pé pegaram vários, precisa ter perseverança e muita força de vontade, depende de cada um, o que cada um quer para a sua vida depois do cárcere”.
O juiz da vara de execuções criminais, Alexandre Pacheco, aponta que a sociedade também precisa colaborar. Não apenas empregando presos, mas também repensando segurança pública e se desprendendo de preconceitos.
“A própria sociedade dá a sua contrapartida negativa, todas as cidades produzem criminosos, mas a maioria não quer ter casas prisionais, querem literalmente jogar a sujeira para debaixo do tapete”.
Com isso, a pergunta que fica é: O que cada um de nós está fazendo para agravar ou atenuar os problemas da segurança pública?

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