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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Educação em foco - Indisciplina: Entre o sonho e a realidade, por Elvio Alberto Walter*





O Conselho Estadual de Educação discute norma que impede o aluno indisciplinado, agressor de colegas e funcionários de escola, destruidor de patrimônio público ou privado de ser suspenso, transferido ou expulso de estabelecimento de ensino

A norma prevê que deverá haver um acordo entre estudante, seus responsáveis e escola sobre como proceder em caso de transgressão. Psicólogos e especialistas em educação deverão ser acionados para ajudar na resolução dos problemas. Começamos a entrar no mundo dos sonhos. Os especialistas em educação que trabalham nas escolas públicas estão ali para acompanhar o trabalho pedagógico ou orientação educacional. Não fizeram um concurso público ou foram contratados para trabalho comportamental. Não conheço nenhuma escola pública na região que tenha no seu quadro funcional um psicólogo para lidar com esse tipo de problema, estudantes transgressores que precisam de acompanhamento policial, psicológico ou psiquiátrico.

 Sou de um tempo em que alunos podiam ser expulsos da escola. Fiz meu ensino primário e médio entre 1974 e 1979 e não me lembro de nenhum colega que tenha sido expulso. Raros foram suspensos. Éramos educados em casa para respeitar professores e escola. Ou melhor, éramos orientados a respeitar a nossa propriedade, a propriedade alheia e os mais velhos. Fosse o Prefeito da cidade ou fosse o mais humilde trabalhador do bairro.

 Hoje temos bullying, temos alunos e professores agredidos dentro das escolas. Temos colégios incendiados por estudantes e querem que lidemos com os delinquentes que fazem isso somente com diálogo? Quem propõe essas coisas há muito tempo saiu de dentro de uma sala de aula ou sequer entrou nela como professor ou funcionário. O que acaba acontecendo é bons alunos trocando de escola para não colocar sua integridade em risco, convivendo com esse tipo de marginal protegido por normas legais.

Muito bem, se essa medida for aprovada, sugiro outras. Trabalhadores que depredarem a empresa, roubarem ou agredirem colegas e superiores ao invés de serem suspensos ou demitidos por justa causa, também permaneçam na empresa. Adote-se o diálogo o acompanhamento. Que se acabe no futebol com o cartão amarelo e vermelho. Quando um jogador der um pontapé, uma mordida, uma cabeçada ou uma cotovelada no adversário, que o jogo seja interrompido, o juiz, o treinador, o jogador e o psicólogo (agora em moda no futebol) se reúnam para resolver o problema. A torcida espera, o jogador pede desculpas e segue o jogo. Promete o indisciplinado não morder mais ninguém até a próxima partida. Afinal, foi isso que aprendeu na escola.

Em casa crianças e adolescentes já podem tudo. Seja por pais e mães omissos que não impõem limites, seja por leis que “protegem” a infância e adolescência. Na escola, as crianças e os adolescentes já podem muito. Por normas que por um lado os “protegem” e por outro intimidam professores e diretores de tomarem decisões que efetivamente contribuiriam para a verdadeira educação.

 É assim que se constrói uma sociedade responsável? É assim que cada um aprende onde termina oseu direito e começa o direito do outro?
 
* Professor do Estado do Rio Grande do Sul

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