Já faz algum tempo que deixei de me preocupar em salvar o mundo.
Sempre digo que o que me inspirou a ser professor foi o exemplo dos meus mestres. E não pelo que eles eram como pessoas. Afinal, naqueles anos setenta, professor e aluno pouco sabiam um da vida do outro. O aluno estava na escola para aprender e o professor para ensinar. O que não impedia que muitos de nós, alunos, os considerassem como amigos. E hoje, é uma grande alegria ter muitos deles ainda por perto.
Nunca me esqueci das professoras das séries iniciais. Tampouco dos meus professores das séries finais do ensino fundamental e do ensino médio. Lembro de cada um deles. Estevan Baccin, Dedé Dede Moss,Anilza da Silva, Marcus Brigel, Marlize Rejane, Maria Antonetti, entre todos. Do nosso diretor de muitos anos, João Colombo Filho. Que passava o tempo todo com um cigarro na boca ou na mão. Mas sempre foi um exemplo para nós. Hoje estaria cometendo um delito. Em cada um, havia a paixão por ensinar. E na maioria dos alunos, um interesse em aprender.
Como diz uma postagem que circula pelas redes sociais: em casa se aprende a falar obrigado, ser limpo, ser honesto, ser correto, ser pontual, falar bem, não xingar, respeitar o semelhante, ser solidário, mastigar com a boca fechada, não roubar, não mentir, cuidar das próprias coisas e das coisas dos outros, ser organizado. Na escola se aprende matemática, português, ciências, geografia, geometria, línguas e é onde são reforçados os valores que os pais ensinam aos seus filhos.
Vou muito além da minha tarefa de ensinar história e geografia. Algumas vezes religião ou artes. Porque não ensinamos nada, apontamos caminhos para o estudante descobrir. A maior parte das coisas que aprendi foi fora da sala de aula. Lendo muito, indo ao cinema, ouvindo música.
E assim é a vida. O dia tem 24 horas, 1.440 minutos. A semana tem 7 dias, 10.080 minutos. Desse tempo todo, passo com meus alunos entre 150 e 300 minutos. Os outros 9.780 minutos eles estão sob outros olhos ou olhando para outras coisas
E nas minhas aulas não se fala somente sobre relevo, hidrografia, idade média ou idade antiga. Se fala sobre a vida, sobre o quotidiano. Se algum deles optar por algum caminho que difere daquele da cidadania, não sinto culpa ou remorso. Que poderia ter feito algo mais. Tenho certeza que cumpri o meu papel. Afinal, somos professores e professoras e não o Super-Homem ou a Mulher-Maravilha que tem como encargo salvar o mundo.
* Professor no Rio Grande do Sul
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