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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

HOMICÍDIOS E PASSEATAS POR SEGURANÇA EM NOVO HAMBURGO - Opinião, por Ronie de Oliveira Coimbra.


Há pouco mais de duas semanas dois jovens, ainda na incipiência da vida adulta, foram assassinados, e tudo indicava, como restou agora comprovado, que fora um assalto, e a crueldade dos assaltantes foi fulminante para as vidas dos dois jovens vitimados, ceifadas pelos insensíveis, e sem misericórdia, disparos de uma arma de fogo. Para estes dois jovens tudo se acabou, pois finda a vida advém o irreparável. Para as pessoas que os amavam criou-se um sentimento de ausência que jamais será sanado, quando muito amenizado pelos flashes que as lembranças guardadas na mente trarão dos seus momentos compartilhados, que virão, muitas vezes, acompanhados da tristeza da promessa e da expectativa do porvir no futuro.
Acontecido este evento lastimável decorreu um sentimento coletivo de indignação, frustração e reação. Sim, REAÇÃO, pois é bastante razoável que as pessoas de bem se insurjam perante - e não somente por isto, mas por uma soma de acontecimentos, culminando com este último evento que foi a gota d’água que fez o copo transbordar – o assassinato torpe de dois jovens cujas vidas foram violentamente abreviadas quando estavam “curtindo” e “aproveitando” a vida em um final-de-semana.
Pois bem, a soma destas indignações, frustrações, e até mesmo a dor e o pranto da saudade uniu muitas pessoas na construção e realização de uma passeata na cidade de Novo Hamburgo, com o fito de bradar e tornar visível que a violência e a criminalidade tinham chegado ao limite do intolerável para os cidadãos de bem, e que as autoridades de segurança pública deveriam, com muita urgência, também reagir. Recado que, no senso comum das pessoas, está muito bem endereçado as polícias, principalmente a militar, esta que deve realizar o policiamento ostensivo preventivo, portanto, evitar que crimes, como o latrocínio dos dois jovens aconteçam.
Eis que a polícia civil, com muita competência e eficiência, identificou os suspeitos do latrocínio, que no dia de ontem foram presos, decorrente de prisão provisória decretada pela Justiça, e solicitada pelo Delegado que preside o inquérito policial que investiga as circunstâncias do hediondo crime.
Trago uma informação de muita relevância para as pessoas, principalmente as mentoras da passeata: o suspeito que supostamente, mas muito certamente, realizou os disparos fatais, fora, em 10 de abril de 2012, preso em flagrante delito pela Brigada Militar por roubo a pedestre com lesões corporais, perpetrado contra um aluno do Colégio 25 de Julho, restando em liberdade no dia 26 de junho de 2012, em razão de revogação da prisão preventiva, que foi decretada pela justiça.
Chego, embora decorrente de uma breve análise, e muitos poderão dizer que contaminada pelo corporativismo da minha profissão, a conclusão de que não há reparo a fazer quanto à atuação das polícias, eis que a Brigada Militar quando teve a oportunidade prendeu o assaltante, que pelas mazelas de nossa legislação geradora de impunidade para bandidos, restou em dois meses solto, mesmo tendo assaltado e machucado a vítima. Este bandido, quando adolescente, já tinha apreensões por roubo a pedestre, tráfico e posse de entorpecentes, e quando adulto, embora com somente 19 anos de idade, já possuía, além do roubo, ocorrências antecedentes por posse de entorpecentes e porte ilegal de arma. Estes agravantes não foram suficientes para mantê-lo preso – quem sabe o Magistrado entendeu que ele não oferecia risco a ordem pública - e restou solto, e todos sabem o que ele fez quando em liberdade. Quanto à Polícia Civil esta realizou com maestria suas atribuições, e, em pouco mais de duas semanas, deslindou o crime e identificou os autores do assalto, e determinou o delinqüente que realizou os disparos que extinguiram a vida de jovens de 22 e 20 anos de vida.
Ao contrário do que possam pensar alguns, recomendo que a sociedade se insurja quando a polícia, tanto civil como a militar, não prestem com qualidade seus serviços, e devem, a exemplo de Novo Hamburgo, realizar passeatas, mas a estas deve se agregar outros reclamos, a ALTOS BRADOS, quais sejam: EXIGIR A REVOGAÇÃO DE LEIS QUE SOMENTE BENEFICIAM BANDIDOS, lhes alcançando direitos individuais em detrimento dos direitos coletivos de uma grande maioria da sociedade, como a vida, a integridade física e o patrimônio, entre outros, bem como EXIGIR DOS MAGISTRADOS, ou seja, da Justiça, maior severidade com bandidos, pois se assim não for continuaremos a chorar a morte de nossos jovens, e continuaremos a reclamar da polícia, que o que parece é quem está conseguindo, a duras penas, proteger a sociedade.  

RONIE DE OLIVEIRA COIMBRA
Major da Brigada Militar
Comandante da BM de Sapucaia do Sul

Um comentário:

  1. Parabéns Major, sua opinião reflete os anseios de todos que trabalham pela segurança e que não conseguem dar essa resposta à população. A indignação deve ser realmente contra a impunidade e não contra os profissionais de segurança, que em inúmeras vezes arriscam suas vidas para depois depararem-se com os bandidos "livres" novamente.

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