Há pouco mais
de duas semanas dois jovens, ainda na incipiência da vida adulta, foram
assassinados, e tudo indicava, como restou agora comprovado, que fora um
assalto, e a crueldade dos assaltantes foi fulminante para as vidas dos dois
jovens vitimados, ceifadas pelos insensíveis, e sem misericórdia, disparos de
uma arma de fogo. Para estes dois jovens tudo se acabou, pois finda a vida
advém o irreparável. Para as pessoas que os amavam criou-se um sentimento de
ausência que jamais será sanado, quando muito amenizado pelos flashes que as
lembranças guardadas na mente trarão dos seus momentos compartilhados, que
virão, muitas vezes, acompanhados da tristeza da promessa e da expectativa do
porvir no futuro.
Acontecido
este evento lastimável decorreu um sentimento coletivo de indignação, frustração
e reação. Sim, REAÇÃO, pois é bastante razoável que as pessoas de bem se
insurjam perante - e não somente por isto, mas por uma soma de acontecimentos,
culminando com este último evento que foi a gota d’água que fez o copo
transbordar – o assassinato torpe de dois jovens cujas vidas foram violentamente
abreviadas quando estavam “curtindo” e “aproveitando” a vida em um
final-de-semana.
Pois bem, a
soma destas indignações, frustrações, e até mesmo a dor e o pranto da saudade
uniu muitas pessoas na construção e realização de uma passeata na cidade de
Novo Hamburgo, com o fito de bradar e tornar visível que a violência e a
criminalidade tinham chegado ao limite do intolerável para os cidadãos de bem, e
que as autoridades de segurança pública deveriam, com muita urgência, também
reagir. Recado que, no senso comum das pessoas, está muito bem endereçado as
polícias, principalmente a militar, esta que deve realizar o policiamento
ostensivo preventivo, portanto, evitar que crimes, como o latrocínio dos dois
jovens aconteçam.
Eis que a
polícia civil, com muita competência e eficiência, identificou os suspeitos do
latrocínio, que no dia de ontem foram presos, decorrente de prisão provisória
decretada pela Justiça, e solicitada pelo Delegado que preside o inquérito
policial que investiga as circunstâncias do hediondo crime.
Trago uma
informação de muita relevância para as pessoas, principalmente as mentoras da
passeata: o suspeito que supostamente, mas muito certamente, realizou os
disparos fatais, fora, em 10 de abril de 2012, preso em flagrante delito pela
Brigada Militar por roubo a pedestre com lesões corporais, perpetrado contra um
aluno do Colégio 25 de Julho, restando em liberdade no dia 26 de junho de 2012,
em razão de revogação da prisão preventiva, que foi decretada pela justiça.
Chego, embora
decorrente de uma breve análise, e muitos poderão dizer que contaminada pelo
corporativismo da minha profissão, a conclusão de que não há reparo a fazer
quanto à atuação das polícias, eis que a Brigada Militar quando teve a oportunidade
prendeu o assaltante, que pelas mazelas de nossa legislação geradora de
impunidade para bandidos, restou em dois meses solto, mesmo tendo assaltado e
machucado a vítima. Este bandido, quando adolescente, já tinha apreensões por
roubo a pedestre, tráfico e posse de entorpecentes, e quando adulto, embora com
somente 19 anos de idade, já possuía, além do roubo, ocorrências antecedentes por
posse de entorpecentes e porte ilegal de arma. Estes agravantes não foram
suficientes para mantê-lo preso – quem sabe o Magistrado entendeu que ele não oferecia
risco a ordem pública - e restou solto, e todos sabem o que ele fez quando em
liberdade. Quanto à Polícia Civil esta realizou com maestria suas atribuições,
e, em pouco mais de duas semanas, deslindou o crime e identificou os autores do
assalto, e determinou o delinqüente que realizou os disparos que extinguiram a
vida de jovens de 22 e 20 anos de vida.
Ao contrário
do que possam pensar alguns, recomendo que a sociedade se insurja quando a
polícia, tanto civil como a militar, não prestem com qualidade seus serviços, e
devem, a exemplo de Novo Hamburgo, realizar passeatas, mas a estas deve se agregar
outros reclamos, a ALTOS BRADOS, quais sejam: EXIGIR A REVOGAÇÃO DE LEIS QUE
SOMENTE BENEFICIAM BANDIDOS, lhes alcançando direitos individuais em detrimento
dos direitos coletivos de uma grande maioria da sociedade, como a vida, a
integridade física e o patrimônio, entre outros, bem como EXIGIR DOS
MAGISTRADOS, ou seja, da Justiça, maior severidade com bandidos, pois se assim
não for continuaremos a chorar a morte de nossos jovens, e continuaremos a
reclamar da polícia, que o que parece é quem está conseguindo, a duras penas,
proteger a sociedade.
RONIE DE OLIVEIRA COIMBRA
Major da Brigada Militar
Comandante da BM de Sapucaia do Sul
Parabéns Major, sua opinião reflete os anseios de todos que trabalham pela segurança e que não conseguem dar essa resposta à população. A indignação deve ser realmente contra a impunidade e não contra os profissionais de segurança, que em inúmeras vezes arriscam suas vidas para depois depararem-se com os bandidos "livres" novamente.
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