Por estes dias assistia uma série na televisão – CRIMINAL MINDS (mentes criminosas, em tradução livre) - e, no transcorrer do episódio, um dos personagens, um “serial killer”, falou que ele era um assassino porque tinha um cromossomo Y a mais. O outro personagem, um investigador do FBI, que o interrogava, falou que aquela afirmação não era verdadeira, pois matar uma pessoa é uma escolha, e não um ato condicionado geneticamente.
Esta cena me levou a reflexões que quero compartilhar com você, caro leitor: Atualmente, e me limito ao Brasil, existe uma série de profissionais que buscam nas ciências, principalmente as sociológicas, a explicação para a violência e a criminalidade. Não quero de forma alguma macular esta construção e negar as origens sociológicas das práticas criminosas, até mesmo porque estes trabalhos, impregnados de cientificidade, realmente descortinam os caminhos pelos quais se enveredam as pessoas que delinquem, e produz conhecimento que jogam luz a intricada ação de uma pessoa em provocar enorme prejuízo à outra. Alguns prejuízos reparáveis, a exemplo do patrimônio; outros irreparáveis, como a vida e a saúde.
O crime aflora muitos sentimentos nas pessoas. Nas vítimas e seus familiares pranto e ranger de dentes, não raras vezes combinado com a impotência em fazer alguma coisa para alcançar justiça, e com a raiva resultante de saber que quem lhe infligiu tanto sofrimento é um ser - humano, e da incompreensão de como que esta pessoa foi capaz de praticar ato tão infame. Quem sabe a ciência um dia nos esclareça estas aflições.
Pois bem, ocorre que as pessoas procuram, a partir daí, os culpados pelo episódio, às vezes trágico e irreparável. Culpa-se a tudo e a todos. Na verdade muitas instituições têm culpa mesmo, pois em algum momento falham na proteção do cidadão de bem, embora se esforcem para prestar bons serviços à sociedade.
Mas a reflexão que fiz, e julguei a mais importante é que - a exemplo do que falou o personagem da série, o investigador do FBI, que matar uma pessoa é uma escolha - se enveredar pelo caminho do crime também é uma escolha, e, salvo exceções por incapacidade mental ou psiquiátrica, a pessoa que fez esta opção deve arcar com as conseqüências, e que estas sejam rigorosas. E vamos acabar de vez com esta história, infelizmente defendida por muitas autoridades e eruditos, DE QUE A CULPA É DE TODO O MUNDO, MENOS DO BANDIDO.
RONIE DE OLIVEIRA COIMBRA
Major da Brigada Militar
Comandante da BM de Sapucaia do Sul