Zero Hora: 20 de agosto de 2012
ASSESSORES OCULTOS
Divulgação de dados de CCs enfrenta resistências
Divulgação de dados de CCs enfrenta resistências
Mesmo após denúncias de descontrole, deputados rejeitam medida de transparência sugerida pelo MP
A criação de mecanismos de controle sobre os assessores que trabalham fora da Assembleia enfrenta barreiras internas. Embora líderes de bancadas assegurem que votarão a favor da limitação do número de cargos de confiança (CCs) com atuação no Interior, parte deles vê com ressalvas a possibilidade de divulgar onde estão localizados seus subordinados.
A medida é defendida pelo promotor Cesar Faccioli, assessor da Subprocuradoria-Geral para Assuntos Institucionais do Ministério Público, como forma de reforçar a fiscalização sobre a Casa após denúncias.
De nove líderes de bancada ouvidos ontem, apenas dois confirmaram a propensão a publicar os locais e horários de atuação de CCs. Três informaram que a questão ainda está “indefinida” e quatro disseram que, embora sejam favoráveis, a sugestão do MP dificilmente será colocada em prática.
O motivo é consensual. Segundo Gilmar Sossella (PDT), João Fischer (PP), Aloísio Classmann (PTB) e Raul Carrion (PC do B), a maioria dos auxiliares lotados no Interior não tem escritórios fixos, o que inviabilizaria o cumprimento do pedido do promotor.
– Cada um dos meus assessores cuida de 20 municípios. Eles estão sempre circulando. Em um dia, visitam várias cidades – diz Classmann.
Quanto aos horários, o argumento é semelhante: as jornadas são variáveis.
– O cargo de confiança é assim. Não tem horário, mas também não tem limite de horário. Tem dias em que trabalham das 7h à meia-noite, muito além do necessário – afirma Carrion.
A resistência tem outro motivo. Em entrevista a ZH de sábado, o presidente da Assembleia, Alexandre Postal (PMDB), disse que a liberação das informações poderia beneficiar os “adversários” que disputam votos:
– Qual é a grande arma do político? É o adversário não saber qual é a tua estratégia e onde tu estás. Se souber, pode ir atrás.
Apesar disso, o presidente deu sinais de que a situação pode mudar. Isso vai depender da aprovação, em plenário, da decisão da Mesa Diretora de limitar a seis o número de CCs com autorização para ficar longe dos gabinetes.
– Se for aprovada, todo mês vai ser divulgado onde estão os assessores – prometeu Postal.
JULIANA BUBLITZ
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