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segunda-feira, 25 de abril de 2016

POLICIAIS SOBREVIVERAM, BANDIDOS MORRERAM. E HÁ QUEM SE ABORREÇA, por Percival Puggina



Vivemos sob permanente sensação de insegurança. Somos cidadãos desarmados por força da ideologia que nos governa. Nós, as vítimas, sabemos que existem bandidos demais soltos, mas o governo que obedece a essa ideologia proclama que temos presos em excesso. Com a lei permitindo ou não, libertam-se cotidianamente bandidos que deveriam estar presos. Todos aqueles que nos escalam como suas presas e troféus, têm extensa ficha criminal, totalmente inútil. Andam soltos, armados e estão mais livres e seguros do que nós. O crime a que se dedicam é negócio altamente rentável e de baixo risco. Se não há guerra entre gangues, as baixas ocorrem apenas do nosso lado. Totalmente assimétrico! Mas a ideologia que nos governa está nem aí. Não se constroem presídios, não se preservam os efetivos policiais, não se dotam as polícias dos recursos técnicos e financeiros necessários para enfrentar essa guerra. Para a ideologia que nos governa, a insegurança serve esplendidamente à luta de classes pelas duas pontas, como sintoma e como consequência.

Nesse contexto, se inscreve o episódio do tiroteio ocorrido defronte ao Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre. As cenas gravadas em vídeo mostram o quanto os PMs estiveram expostos à morte, trocando tiros contra equipamento mais pesado em espaço aberto, ziguezagueando para escapar dos disparos. E cumprindo até o fim o seu dever. Não há sangue frio num tiroteio desses.

Os quatro mortos foram os azarados do dia 22. O comum é que nada lhes aconteça. O "normal" é que encerrem suas jornadas de trabalho contabilizando bons lucros. É a alta rentabilidade com baixíssimo risco que estimula os criminosos a optarem por esse modo de ganhar a vida. Os quatro do dia 22 a perderam.

A criminalidade já não surpreende ninguém. O que continua surpreendendo são os jornalistas defensores de bandidos, instalados no conforto das redações, protegidos por segurança privada, longe das balas, sempre prontos para criticar as ações policiais perante o mais tênue sinal que possa ser interpretado como demasia, como se excessivo não fosse um bandido sacar da arma e disparar contra a autoridade policial. Os valorosos brigadianos que estavam na cena diante do Hospital Cristo Redentor nos representam e nos defendem. Atacá-los é atacar-nos. Seja com as armas de fogo, seja com as armas da palavra, escrita ou falada. Receberão da Corporação as medalhas de reconhecimento que a sociedade já lhes presta.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Racha e o atropelamento no Parcão - Escrevi semana passada a respeito, e há anos venho escrevendo que a legislação que tipifica crimes de trânsito produz impunidade. O acidente no Parcão será, com certeza, e infelizmente, mais um triste exemplo a ilustrar esta realidade.


O ATROPELADOR NUNCA VAI SER PRESO, por Paulo Germano

"Numa esquina do Parcão, às quatro da manhã, imagino o diálogo daquele casal com o cachorrinho.

– Será que é tranquilo?

Não é tranquilo, saiam daí!, eu responderia. Moro bem perto, tenho medo de assalto até de manhã, que dirá de madrugada. Tudo bem que é o Parcão, uma área iluminada inclusive à noite, com segurança privada em frente aos prédios, mas andar na rua a essa hora, por favor, nem pensar, não conhecem Porto Alegre?, daqui a pouco vem um mal-encarado pedindo a carteira e...

Que estouro foi esse?

Seria um tiro?

O casal olha para frente, e um Peugeot 206 levanta voo do meio-fio, avança na direção dos dois, colide contra uma árvore e os atinge violentamente. Tudo isso em dois segundos.

Rafaela Perrone, 24 anos, e Thomaz Coletti, 25, viveram o que há de mais arbitrário na violência urbana: quando o risco é inimaginável, imprevisível, quando não há como se precaver nem como fugir. Ela segue internada no Hospital Moinhos de Vento, com suspeita de fratura na coluna. Ele, com 50 pontos no rosto e com uma parte da mandíbula descolada dos dentes, concedeu uma entrevista angustiante a Zero Hora.

Lá pelas tantas, Thomaz lembrou que um carro “pode ser mais perigoso do que uma arma”. E eu lembrei que, embora seja impossível prever o perigo em uma situação como essa, o criminoso continua lá. O triste é que dificilmente ele será preso.

– Quase impossível – me disse ontem um desembargador, meio constrangido, então liguei para um juiz e um promotor do Ministério Público, e os dois repetiram a mesma coisa.

Quer dizer: em alta velocidade, um homem participa de um racha numa das ruas mais movimentadas da cidade, ultrapassa o sinal vermelho, quase mata duas pessoas, não presta socorro, foge do local e sua pena deve ser reduzida a prestação de serviços comunitários. Tem mais. O dono do carro, Thiago Brentano, 39 anos, não confirmou à polícia se era ele quem dirigia – porque, se era ele, sabe-se que Thiago comprou 10 cervejas na boate onde estava e, para completar, sua carteira de habilitação estava suspensa.

Pelo amor de Deus. Pode haver mais motivos para alguém ser preso?

Os juristas que ouvi informaram que o delito do motorista – lesão corporal culposa (sem intenção) – não dá cadeia. Mas, ainda que o Ministério Público denuncie o condutor por tentativa de homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), a possibilidade de ele ser condenado por isso é minúscula.

Qual é o recado para a sociedade? O de sempre: que a Justiça não funciona, que o Brasil é uma gandaia, que a impunidade corre solta, que ser correto é uma idiotice e, claro, que um delinquente pode abrir feridas eternas na vida de Rafaela e Thomaz que, tudo bem, ninguém se importa.

Ou a sociedade – em especial o Congresso, que é para isso que serve – abre imediatamente um debate sobre a leniência da nossa legislação, ou amanhã mesmo, quando eu levar um tiro no peito ou um Peugeot voar na minha cabeça, o criminoso continuará livre para encontrar você."

Assista o Vídeo Institucional da Brigada Militar

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